Aldemir Bendine foi multado pela Receita Federal por não conseguir comprovar a origem de R$ 280 mil. Foi investigado por ter ordenado a seu motorista que transportasse pequenas fortunas em dinheiro vivo. E, entre tantas outras patifarias, facilitou um financiamento milionário para que a socialite Val Marchiori, amiga íntima e companheira de viagens com cara de lua-de-mel, comprasse um Porsche de parar o trânsito.
Nada disso impediu que Bendine, nomeado por Lula e mantido por Dilma Rousseff, ocupasse durante seis anos a presidência do Banco do Brasil. O padrinho cumprimentou-se mais de uma vez pela escolha. “O banco nunca foi comandado com tanta competência”, garantiu em vários comícios. Lula sempre gostou de instalar em cargos de alta relevância gente cuja biografia parece prontuário.
Quando Graça Foster teve de sair às pressas do comando da Petrobras, Lula sugeriu a Dilma que transferisse o amigo que chama de “Dida” para a presidência da estatal em avançado estado de decomposição. Presenteada com um segundo galinheiro, a raposa de estimação só poderia ter feito o que fez — até ouvir as batidas na porta que anunciam a chegada da Polícia Federal.
Conhecido na Odebrecht pelo codinome Cobra, Bendine tem muito a contar: os milhões que recebeu da empreiteira são só o abre-alas do desfile de propinas de grosso calibre. Neste fim de semana, descobriu em Curitiba que o caminho que leva para longe de uma demorada temporada na cadeia começa pela delação premiada. Não é pouco o que Dida sabe de Lula. A Jararaca terá de enfrentar uma cobra que levou o bote da Lava Jato.