Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês

Augusto Nunes

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

“Afasta de mim esse cálice” e outras notas de Carlos Brickmann

Há surpresas todos os dias; e nunca é para mostrar que alguém foi injustamente acusado de ser ladrão. Pior é que nem sempre é só ladrão

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h46 - Publicado em 6 set 2017, 14h14
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

    Um sábio político mineiro, Magalhães Pinto, dizia que política é como nuvem: você olha, está de um jeito, olha de novo, está de outro. Ladroeira também. Há surpresas todos os dias; e nunca é para mostrar que alguém foi injustamente acusado de ser ladrão. Pior é que nem sempre é só ladrão.

    Comecemos pelo Ministério Público, o implacável (flexível só no caso da JBS): o procurador da República Marcello Miller, braço direito de Janot, deixou a Procuradoria e nos dias seguintes trabalhava com os advogados de Joesley Batista. Já é estranho; mas surgiu uma gravação em que ele analisa a defesa quando ainda deveria estar no ataque, na Procuradoria.

    Vamos para Joesley. Há fortes suspeitas de que sua delação premiada tenha sido sob medida: esqueceu alguns crimes e valorizou outros. Caso sua delação seja falha, perde os privilégios que obteve e pode ser julgado, como réu confesso, pelas bandalheiras que revelou ter patrocinado.

    Que gravação é essa que surgiu de repente? Provavelmente foi feita por engano. Mas ficaria enrustida se a Polícia Federal não tivesse obtido o áudio por outras fontes. Só foi entregue, então, para que Joesley pudesse dizer que não havia escondido nada. Mas mesmo assim é dinamite.

    Continua após a publicidade

    E a Polícia Federal descobriu, no flat de um amigo de Geddel Vieira Lima, quatro caixas e oito malas de dinheiro que aparentemente são dele.

    Até escrever sobre essas coisas faz mal. Há ladrões em cada canto.

     

    Verdade

    Continua após a publicidade

    Cada nova revelação transforma a ladroeira antiga em dinheiro de troco.

     

    O cenário

    Caso as falhas na delação levem ao fim dos fabulosos privilégios dos Batista, ou de pelo menos parte deles, que acontece com os denunciados? Há duas correntes: uma, seguindo a Teoria da Árvore Envenenada (cujos frutos são imprestáveis), suspenderia todas as ações iniciadas com base nas denúncias; outra (à qual Janot se filia), acha que os maus delatores podem ser punidos sem que suas revelações se percam. A imprensa tem noticiado, erradamente, que esta ala defende o uso das provas trazidas pela delação. Mas não há provas: há denúncias que devem ser verificadas e confirmadas.

    Continua após a publicidade

     

    Por que, Janot?

    Por que o Ministério Público deixou a Polícia Federal fora do caso Joesley? Sem a Federal, a investigação foi falha – tanto que de repente surge um áudio de quatro horas que tira tudo do lugar. Por que Janot não iniciou processo contra o presidente Michel Temer, quando sugeriu que poderia estar envolvido com Joesley e Marcello Miller – e insinuou que o perdão aos irmãos Batista foi generoso demais? Por que aceitou, sem reação, que Gilmar Mendes o chamasse de desqualificado? Por que aceitou premiar a delação de Joesley, quando a lei diz que chefe de quadrilha não pode ser beneficiado? Joesley admitiu ter subornado 1.820 políticos, mais procuradores, ministros e juízes Só pode ser chefe, jamais subalterno.

     

    Cavalheiro, gentleman

    Frase de Joesley, na tal gravação, em conversa com seu diretor Ricardo Saud, referindo-se a uma senhora que participava das negociações entre o grupo e o MP: “Já falei para o Francisco (de Assis Silva, diretor jurídico da JBS), você tem até domingo para comer a (nome da senhora). Se não, eu é que vou comer. Francisco, é trabalho! Vou te dar até domingo que vem. Ou eu é que vou fazer o serviço. Um de nós tem de botar ela na cama”.

     

    Geddel vai às compras

    Continua após a publicidade

    Quando Antônio Carlos Magalhães era presidente do Senado, mandou preparar um vídeo, “Geddel vai às compras”, mostrando o crescimento dos bens do deputado. Mais tarde, ACM se referiu a Geddel como “agatunado”. ACM era autoritário, muito controvertido, mas conhecia tudo de política.

    Geddel é acusado de desviar R$ 20 bilhões do FI-FGTS – dinheiro de assalariados, que o Governo usava para emprestar a empresas que criassem empregos. Tirar do FI-FGTS é atingir a poupança popular dos dois lados.

     

    Titular absoluto

    Continua após a publicidade

    O presidente Itamar Franco chamava Geddel de “carrapato de gabinete”. Ele, efetivamente, está sempre num bom gabinete: foi ministro de Lula e Temer, e vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa com Dilma.

     

    Mãe Dinah? Não, Gilmar

    O ministro Gilmar Mendes, do STF, acertou a primeira previsão: de que o MP poderia ter problemas quando alguns de seus membros enfrentassem “uma montanha de dinheiro”. Cita dois problemas: Ângelo Vieira (que foi preso) e Marcello Miller. Agora, em suas palavras, faz mais duas “previsões oraculares”: haverá inconsistências em outras delações, como as de Delcídio do Amaral e de Sérgio Machado (da Transpetro); e Janot vai terminar como Protógenes Queiroz – que, por ilegalidades cometidas na Operação Satiagraha, foi condenado pela Justiça e escapou para a Suíça.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.