Começo dizendo que sempre me incomodou o termo fake news (no inglês, “notícias falsas”). Isso porque, “notícia” e “falsa” não poderiam estar na mesma expressão. A mistura deu brecha para uns vários – inclusive, Donald Trump; e Lula; e Bolsonaro… – apontarem como se fossem “falsas” notícias “reais” (entre aspas pois, por princípio, notícia tem de ser real) que simplesmente apresentavam fatos que não condiziam com valores morais próprios ou, pior, com ambições obscuras de cada um. Assim, o povo da internet passou a achar que é fake news aquilo com o qual não concordam (um pensamento perigosíssimo!). E, em demonstração extrema de ignorância acerca disso, deixaram de entender que notícia, independentemente do viés (ou linha editorial seguida) da mesma, têm de ter como alicerces os fatos.
Mas, para facilitar a conversa, adoto o termo fake news. Em inglês, mesmo, para talvez mitigar a falha da expressão. E foi sobre fake news que falei no ano passado em um TEDx (abaixo, o vídeo, do YouTube do TED). Nele, exibi experiência feitas neste blog, como esta, além de reportagens, estudos etc. sobre o tema. Assista aí e continuamos.
Passado um ano, contudo, o assunto tomou dimensões maiores e, junto a isso, novos rumos. O dano causado pelas fake news se provou enorme após se escancarem escândalos diversos, a exemplo da forma como a consultoria Cambridge Analytica usou dados de dezenas de milhões de usuários do Facebook para espalhar mentiras que auxiliaram nas campanhas de Donald Trump e pelo Brexit, na Inglaterra.
Governos reagiram. E as redes sociais também. Hoje em dia, o mesmo Facebook ao menos se exibiu como mais preocupado com o assunto. E a empresa, é preciso destacar, tem agido (muito e bem) para combater as ondas de fake news. Em especial ao tecer parcerias com iniciativas globais que buscam verificar a veracidade das notícias. Um tipo de empreitada que será testada nas próximas eleições brasileiras. Será que dará certo?
Quando falei do tema no TEDx, apostei em sua urgência. No entanto, o cenário ainda não estava muito estabelecido. Pode ser por isso que hoje eu certamente me mostraria ainda mais desenvolto para debater acerca do tópico.
Passado um ano, provou-se a importância da discussão. Ela é urgente mesmo. Felizmente, parece-me que cada vez mais autoridades, empreendedores, enfim, gente que importa pro curso das coisas, têm concordado com isso. Inclusive, Mark Zuckerberg.
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