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PT, a compra de “eleitores-influenciadores” e o jogo sujo na internet

A prática petista de comprar a opinião de tuiteiros para promover de Gleisi Hoffmann a Wellington Dias escancara a briga antiética dos partidos nas redes

Por Filipe Vilicic 28 ago 2018, 18h54
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  • Falei neste espaço de como presidenciáveis, a exemplo de Ciro Gomes, foram flagrados usando bots (“tradução simplória”: robôs) para se promover nas redes sociais, em especial no Twitter. Como destaquei no texto anterior, há indícios de que outros candidatos, a exemplo de Bolsonaro e Marina Silva, fazem o mesmo. Nesta semana, esse bolo sujo ganhou dimensões ainda maiores.

    Diversos tuiteiros de médio calibre denunciaram que o PT teria comprado, ou tentado comprar, a opinião dos mesmos. Por uns trocados, esses chamados “influenciadores digitais” falariam bem de candidatos do partido em suas redes sociais. Dentre os nomes que deveriam ser promovidos figuram, por exemplo, os de Gleisi Hoffmann, Luiz Marinho e Wellington Dias.

    A estratégia é ilegal pela lei da propaganda eleitoral. O PT tentou abafar a coisa, dizendo que tudo não passaria de mentira. Porém, flagrou-se a esquiva. As agências responsáveis pela compra dos tuiteiros são ligadas a assessores do… PT.

    A primeira reação dos antipetistas foi, é claro, a de xingar. Esbravejam como cães raivosos. Numa típica atitude do mundo extremo evidenciado por Facebook, Twitter e companhia. Contudo, antes de qualquer crítica, seria preciso olhar para o próprio umbigo, pros candidatos em quem se pretende votar.

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    O risco de focar apenas no PT é o mesmo daqueles que colavam em seus carros “Não tenho culpa. Votei no Aécio”: passar uma vergonha tremenda. Pois a mesmíssima (ou, no mínimo, similares) tática utilizada pelo PT é também usada pelos marqueteiros dos outros partidos.

    Todos os presidenciáveis são seguidos por multidões no Twitter. Multidões muitas vezes compostas em boa parte por… perfis fakes, ou pelos bots. Vários aplicativos de smartphones, como um utilizado pelo PT, promovem irregularmente os presidenciáveis nas lojas de iPhones e Androids.

    Muitas dessas iniciativas irregulares driblam a Justiça de uma forma bem simplória. Como a internet é global, não respeita fronteiras, bots, fakes, domínios de sites e afins são criados como se estivessem localizados em países estrangeiros (há preferência pelos do Leste Europa e pelos da Indochina). Os assessores envolvidos nas artimanhas também costumam pagar pelo serviço de plataformas que escondem os verdadeiros nomes dos desenvolvedores dos sites e apps em questão.

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    Em resumo, a polêmica da semana envolvendo a campanha online do PT não retrata como um único partido faz jogo sujo nas redes sociais. Nem só também como a coisa toda beira a comédia no estilo Trapalhões quando se envolvem influenciadores digitais com apelidos como Mulher Tamarindo.

    Mas, sim, serve de exemplo de como todos os grandes partidos têm virado as costas para a ética nessa briga eleitoral. Ou seja, como todos, de esquerda ou direita, são imundos. E, de certa forma, tão hilários quanto o apelido Mulher Tamarindo, em reflexo de quão igualmente jocoso é este Brasil.

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