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Crônicas do mundo tecnológico e ultraconectado de hoje. Por Filipe Vilicic, autor de 'O Clube dos Youtubers' e de 'O Clique de 1 Bilhão de Dólares'.
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Como o fim dos likes no Instagram afeta influenciadores

A atualização do aplicativo também interfere em outros negócios da rede. Alguns famosos gostaram, outros não. Sabe quem odiou? Carlos Bolsonaro

Por Filipe Vilicic Atualizado em 17 jul 2019, 20h25 - Publicado em 17 jul 2019, 19h06
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  • Hoje começaram os testes para dar fim às curtidas no Instagram. A medida visa mitigar os efeitos do ambiente tóxico em que estão se transformando as redes sociais, combater o vício em internet – até diminuindo as horas de uso por usuário (e, friso, o Instagram é visionário nesse ponto) – e transformar as dinâmicas de negócios que se apoiam naquele aplicativo. Entenda melhor no post anterior deste blog (só clicar no link). Mas uma questão fica: como a atualização afeta os chamados influenciadores digitais?

    A vida pode mudar para alguns daqueles que ganharam fama na internet. Em especial, os que se alçaram a celebridades no próprio Instagram. Esses instagrammers vendiam a interação com o público (ou, em outras palavras, o número de curtidas em cada post) como forma de atrair marcas interessadas em anunciar em seus perfis. A partir do momento em que a quantidade de likes não mais é exibida ao público, essa lógica quebra por completo.

    Como fica para Bruna Marquezine? Para ela, nada muda. Os famosos de enorme dimensão não necessitam desse tipo de artimanha para se venderem. Patrocinadores sabem que o que uma Kéfera ou Felipe Neto posta repercute. E ponto. Não precisa se admirar com a quantidade de likes nas mensagens para chegar a essa conclusão óbvia.

    Tanto que os maiores dentre os famosos da internet tendem a apoiar a medida. Por exemplo, opinou Felipe Castanhari no Twitter: “Viva o fim do LIKE! Já vi muitos se frustrando simplesmente por não ter um número “x” de likes em determinada foto, e isso faz mal. Não vendo o número de likes temos uma coisa a menos para se comparar com os outros e de quebra ainda reparamos mais no conteúdo e menos em um número”. Ele tem razão na observação.

    Por outro lado, acabou o jogo para os influenciadores de menor dimensão. Principalmente aqueles que estavam acostumados a iludir o público. Estes são aqueles que se apoiam em táticas já manjadas de compra de números de seguidores e curtidas. Estratégia que não mais terá tanto efeito.

    Dentre os que se manifestaram contra a novidade está a youtuber Maju Trindade. Outro que não gostou, mas provavelmente por razões distintas, é Carlos Bolsonaro – este acompanhado de políticos de sua mesma linha, a exemplo da colega Carla Zambelli (PSL-SP), que vociferou no Twitter “E o Instagram sumiu mesmo com o número de likes. Tudo para a gorda feminista peluda do cabelo roxo não ficar deprimida ao ver o desempenho da coleguinha na rede”.

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    Já Carlos, o 02 de Jair, assim se pronunciou no mesmo Twitter, daquela forma cifrada com o qual a plateia já se acostumou: “Confere que o Instagram não mostra mais o número de curtidas numa postagem? Empresa privada, ok. Se isso for real saiba que o intuito é barrar o crescimento dos que pensam de forma independente, ou seja, aqueles que estão rompendo o sistema. Quem raciocina sabe o q isso significa”. Ainda acrescentou: “As justificativas usadas para não mostrar as curtidas no Instagram, como combate ao bullying e suas derivações são apenas a certeza de que seguem a cartilha ideológica “progressista”. Querem limitar o interesse da informação e criar manipulados como em todos os campos já sabidos”.

    No caso do filho do presidente, suponho que ele possa ter se incomodado com a intenção anunciada pelo Instagram de combater o ambiente tóxico das redes sociais. Assim como de diminuir atitudes como o bullying citado por Carlos Bolsonaro. Metas que poderiam ser abraçadas por qualquer ser humano que não gosta de fomentar a violência contra o outro – e isso independentemente de vieses políticos (caso não se pregue uma política que promova a violência, evidentemente).

    “Agora o like não poderá ser mais a medida do engajamento no Instagram. Os influenciadores terão de se vender melhor”, comentou, em entrevista ao repórter André Lopes, Fernando Figueiredo, presidente da agência de publicidade Bullet.

    Além dos influenciadores, grandes ou pequenos, negócios dos mais variados serão afetados pela medida. Os mais óbvios: aqueles empreendedores de Instagram que vendiam curtidas a quem pagasse uns trocados. Entretanto, integram a conta também todos os malandros que se apoiavam em iludir o público para vender o que fosse.

    Nesse grupo estão incluídos, por exemplo: aquele coach que aparece na timeline dizendo que conquistou milhares de seguidores em um dia, por meio de manobras “infalíveis” de marketing; ou vendedores de qualquer coisa (pacotes de viagem, roupas etc.) que dizem ao cliente para confiar neles por terem sei lá quantos fãs (usualmente, fictícios, comprados por fora) no aplicativo. “Faz parte da maturidade da plataforma cortar coisas irreais, que já não faziam diferença para valer, como as guiadas por seguidores falsos e likes comprados”, pontuou Marina dos Anjos, gerente de marketing da Sprinklr, empresa especializada em monitorar tendências das novas mídias.

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    E qual é o interesse do Instagram nisso tudo? Alguns dos objetivos já foram explicitados no post anterior deste blog. Contudo, por trás do bom-mocismo, não se engane, há também a intenção comercial.

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    Em um ambiente menos poluído, com menos viciados, com menos radicalismo, com menos brigas de cachorros raivosos, com menos ilusão, com menos larápios vendendo seguidores e angariando patrocínios a partir de falsidades… sobrará mais grana e interesse para que marcas invistam em publicidade diretamente no Instagram. E isso é ótimo para os usuários! Pois ajudará a limpar a rede social e a fortalecer a continuidade do sucesso da mesma – no processo, ainda oferecerá a todos um universo virtual mais saudável e coerente.

    Para acompanhar este blog, siga no Twitter, em @FilipeVilicicno Facebook e no Instagram.

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