Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Um parente que ficou para trás

A análise do DNA de ossadas de milhares de anos e de amostras de populações atuais revela indícios de mais um hominídeo com o qual teríamos convivido

Por André Lopes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 16h05 - Publicado em 25 jan 2019, 07h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • DESCOBERTA - Fósseis de uma menina encontrados em 2018: híbrido de gêneros (T. Higham/University of Oxford/.)

    A trama de A Guerra do Fogo (1981), premiadíssimo filme do francês Jean-Jacques Annaud — faturou, entre outros troféus, o Oscar de melhor maquiagem —, se passa em algum momento da pré­-história, época em que conviviam, às vezes de forma violenta, diversas espécies humanas. O roteiro imagina nossos parentes distantes em disputas tribais por território, alimentos e, sim, tecnologia — no caso, a que lhes permitiria o domínio do fogo, como o título do longa-­metragem deixa entrever.

    Apesar das láureas, quando foi lançado o filme de Annaud pareceu um exercício de especulação, pois se baseava em teorias pouco comprovadas. Desde então, em quase quarenta anos, a ciência avançou muito e encontrou pistas de que a situação descrita em A Guerra do Fogo realmente ocorrera, cerca de 50 000 anos atrás. Naqueles dias, como já se sabia, o Homo sapiens, nossa espécie, disputava o planeta com dois tipos de hominídeo: o homem de Neandertal e o homem de Denisova. Agora, porém, surgiu uma novidade. De acordo com um artigo divulgado na publicação inglesa Nature Communications, é provável que o Homo sapiens tenha convivido com um terceiro hominídeo, ainda não catalogado.homo

    A descoberta — e este é outro fator novo — se deveu não exatamente a progressos na pesquisa paleontológica, como costuma acontecer, e sim à ciência genética. Nas últimas duas décadas, revelou-se, por análises de fósseis, que toda a população mundial possui no mínimo 2% de genes iguais aos registrados em neandertais. Já em povos atuais da região do Pacífico foi possível encontrar 5% de traços provenientes do homem de Denisova. A única explicação para tal mescla seria o cruzamento entre essas espécies, incluindo o Homo sapiens.

    Os indícios do novo hominídeo surgiram do aprofundamento dos estudos nessa linha. “Descobrimos evidências genéticas de que é preciso que tenha existido outra espécie para complementar o DNA de híbridos de neandertais tanto com o homem de Denisova quanto com o Homo sapiens”, explicou a VEJA o biólogo espanhol Òscar Lao, do Centro Nacional de Análises Genômicas de Barcelona, responsável pela pesquisa.

    A desconfiança sobre a existência de um parente desconhecido do homem começou com a escavação de fósseis, em junho de 2018, de uma adolescente que viveu 50 000 anos atrás na Sibéria. O material genético da garota, que teria morrido aos 13 anos, misturava caraterísticas de neandertais e denisovianos. Contudo, indicava ainda alguma presença de DNA de uma terceira espécie não identificada. Resquícios dos genes desconhecidos também foram encontrados, por um software que vasculha bancos modernos de DNA, em pessoas que hoje vivem no leste da Ásia e na Oceania. Ou seja: há cerca de 50 000 anos o Homo sapiens se relacionou não apenas com neandertais e denisovianos mas também com outra espécie humana. Por que esses nossos parentes distantes desapareceram? A tese mais aceita é que mudanças climáticas dificultaram sua vida entre as espécies do gênero Homo, que passaram a travar disputas por alimentos e, sim, tecnologia. Não é preciso dizer quem venceu essa guerra.

    Continua após a publicidade
    arte-hominideo
    (Arte/VEJA)

    Publicado em VEJA de 30 de janeiro de 2019, edição nº 2619

    carta
    Envie sua mensagem para a seção de cartas de VEJA Qual a sua opinião sobre o tema desta reportagem? Se deseja ter seu comentário publicado na edição semanal de VEJA, escreva para veja@abril.com.br
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    3 meses por 12,00
    (equivalente a 4,00/mês)

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.