No início do ano, um telescópio no Chile que faz parte do consórcio internacional Observatório Europeu do Sul (ESO) detectou uma fonte de luz incomum no céu noturno. Depois que outros instrumentos ao redor do mundo apontaram suas lentes para o mesmo local no espaço, descobriu-se que o ponto luminoso era um buraco negro que havia acabado de “engolir” uma estrela e estava “regurgitando” os restos. Um estudo sobre o registro foi apresentada em um artigo intitulado Um jato muito luminoso da ruptura de uma estrela por um buraco negro massivo, publicado nesta quarta, 30, na revista Nature.
Batizado pelos cientistas de AT2022cmc, o evento observado tem suas peculiaridades e pode ser considerado raro. Conhecido como “evento de ruptura de maré” (TDE, na sigla em inglês), acontece quando uma estrela se aproxima de um buraco negro e é violentamente dilacerada pelas forças gravitacionais em torno do corpo massivo – como a Lua atrai as marés na Terra, mas com força muito maior. Aproximadamente 1% faz com que jatos de plasma e radiação sejam ejetados dos seus pólos em rotação. Neste caso, o fluxo de energia estava apontado em direção à Terra, o que facilitou o registro pelos telescópios.
“Vimos apenas um punhado desses eventos com jato e eles continuam sendo muito exóticos e mal compreendidos”, disse em comunicado Nial Tanvir, da Universidade de Leicester, no Reino Unido, que liderou as observações para determinar a distância do objeto com o Very Large Telescope (VLT) do ESO, no Chile. Os astrônomos estão constantemente caçando esses eventos extremos para entender como os jatos são realmente criados e por que uma fração tão pequena deles os produz.