Desde que um cientista da Nasa declarou que a Terra não estaria preparada para barrar um asteroide “surpresa” que se aproximasse sem ser detectado, a preocupação do público vem crescendo em relação a uma potencial ameaça. Mas, para proteger nosso planeta, a agência espacial americana já está desenvolvendo um poderoso sistema de defesa planetária. E a passagem de uma rocha espacial a 6.800 quilômetros da Terra (perto, em termos cósmicos, mas não o suficiente para oferecer qualquer risco) será a chance perfeita para testar essas novas tecnologias. Segundo a Nasa, que anunciou o experimento neste fim de semana, a oportunidade colocará à prova os observatórios e cientistas responsáveis por detectar e rastrear asteroides potencialmente perigosos.
“Cientistas sempre apreciaram saber quando um asteroide fará uma passagem próxima e segura pela Terra, porque eles podem fazer preparativos para coletar dados, caracterizar [o objeto] e aprender o máximo possível sobre ele”, disse Michael Kelley, cientista envolvido no programa e líder da campanha de observação do TC4, como foi batizado o asteroide que será objeto de estudo. “Desta vez, estamos adicionando outros esforços, usando este voo próximo para testar a rede mundial de detecção e rastreamento de asteroides, avaliando nossa capacidade de trabalhar juntos para encontrar uma potencial ameaça real.”
O TC4 tem entre 10 e 30 metros, um pouco maior do que o asteroide que atingiu Chelyabinsk, na Rússia, em 2013. Ainda assim, é relativamente pequeno, se for levado em conta que o asteroide responsável por extinguir os dinossauros tinha quase dez quilômetros. Os cientistas, no entanto, garantem que, assim como a maioria dos Near Earth Objects (NEOs, na sigla em inglês, traduzida como “Objetos Próximos à Terra”), o TC4 não oferece nenhum risco de colisão catastrófica com o nosso planeta.
Ele foi escolhido pela Nasa porque, desde que foi descoberto em 2012, está fora do alcance dos telescópios. Quando ele se aproximar da Terra, os cientistas esperam utilizar grandes telescópios para rastreá-lo e restabelecer sua trajetória precisa, assim como definir sua órbita, determinando exatamente a que distância que ele passará do nosso planeta.
“Este é o alvo perfeito para esse exercício, porque conhecemos a órbita do TC4 suficientemente bem para ter certeza absoluta de que não impactará a Terra, mas ainda não estabelecemos sua trajetória exata”, afirmou Paul Chodas, diretor do Centro de Estudos de Objetos Próximos à Terra (CNEOS, na sigla em inglês). “Compete aos observatórios obter uma correção [na trajetória já conhecida] do asteroide à medida que se aproxima e trabalhar em conjunto para obter observações de acompanhamento para fazer determinações de órbita de asteroides mais refinadas.”