Amassar papel alumínio, chacoalhar chaves ou bater a colher contra pratos ou copos pode levar gatos mais velhos a ter convulsões. Até o barulho de digitar no computador ou o clique do mouse seriam estopins para as crises dos animais, de acordo com um estudo feito por pesquisadores britânicos publicado nesta segunda-feira na revista Journal of Feline Medicine and Surgery, especializada em medicina animal. Os sons agudos desencadeiam um distúrbio conhecido como “síndrome de Tom e Jerry”, nome dado por causa do gato Tom, personagem de desenho animado que exibe movimentos bruscos e atrapalhados em resposta a ruídos de seu rival, o rato Jerry.
Na pesquisa, os veterinários investigaram as causas da síndrome e das convulsões e a batizaram formalmente de Crise Reflexa Audiogênica de Felinos (Fars, na sigla em inglês). Os seres humanos também podem sofrer essas crises, em resposta a certos sons. De acordo com os veterinários, a idade média de início das crises nos gatos é de 15 anos, com idades variando entre 10 a 19 anos. “A expectativa é que a publicação do documento sensibilize os veterinários sobre esta síndrome”, afirmam os pesquisadores no estudo.
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Tom e Jerry – Relatos de donos de gatos começaram a se multiplicar nos últimos anos, depois que a imprensa internacional noticiou alguns casos da síndrome de Tom e Jerry. Como não havia qualquer investigação científica sobre o distúrbio, os pesquisadores do centro veterinário Davies Veterinary Specialists e da University College de Londres, ambos na Grã-Bretanha, decidiram elaborar um questionário online sobre esses casos incomuns e enviá-lo aos proprietários de gatos cadastrados pela International Cat Care, entidade britânica de bem-estar felino.
Nas respostas, muitos donos de animais se disseram frustrados, pois os veterinários eram incapazes de diagnosticar o problema. Eles relataram desde breves contrações musculares de seus animais de estimação a episódios mais sérios, em que o pet perde a consciência. Com base nos dados das informações de 96 gatos, os pesquisadores descobriram que os sons eram de fato o gatilho para as crises convulsivas. Animais mais velhos, com e sem pedigree, foram afetados. A raça Sagrado da Birmânia foi a que mais teve crises: 30 dos 96 gatos. Os pesquisadores afirmam que, como os gatos são mais velhos, os veterinários normalmente confundem a síndrome com outros problemas de saúde mais comuns.
No futuro, os autores do estudo pretendem explorar possíveis tratamentos para as convulsões, que muitos donos de animais disseram que podem ser evitadas, pelo menos uma parte do tempo, mantendo os gatos à distância de certos sons.
(Da redação)