Na última terça-feira, 3, o primeiro Anuário da Reciclagem, que compilou dados do período entre 2017 e 2018, foi lançado em São Paulo. O documento foi realizado pela Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis, a Ancat, e a empresa Pragma Soluções Sustentáveis, entre outros parceiros. Para o presidente da Ancat, Roberto Rocha, “esse anuário é um marco para os catadores, um instrumento fundamental para os governos e a iniciativa privada terem acesso a informações consistentes sobre a nossa categoria”. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, o SNIS, apenas 22% dos municípios do Brasil possuíam coleta seletiva pública, e aproximadamente 15% dos municípios possuem pelo menos uma Cooperativa ou Associação de Catadores de Materiais Recicláveis com incentivo público. Considerando a abrangência da ação de Cooperativas ou de coleta seletiva, 25% dos municípios possuem ao menos uma das formas de coleta.
O anuário também coletou informações sobre a percepção da população: 98% enxergam a reciclagem como algo importante para o futuro, 39% não separam o lixo orgânico do reciclável, 66% sabem pouco ou nada sobre coleta seletiva e 81% sabem pouco ou nada sobre Cooperativas de Reciclagem. Ainda, o documento destacou uma pesquisa do IPEA, com base nos dados do Censo 2010, que a existência de aproximadamente 388.000 catadores de materiais recicláveis no Brasil. Entretanto, o Movimento dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) acredita que existem de 800.000 a 1 milhão de catadores em atividade. A distribuição regional desses catadores de materiais recicláveis, a partir de dados da PNAD 2017 e 20189, demonstra grande concentração: 40% dos catadores estão na região Sudeste e 30% na Nordeste.
De acordo com os dados do anuário, em 2017 as organizações acompanhadas pela ANCAT registraram faturamento de 39 milhões de reais com a comercialização de 84.000 toneladas coletadas. Em 2018, foram comercializados 32 milhões de reais, equivalente a cerca de 67.000 toneladas coletadas. Ao mesmo tempo, o documento mostrou qual seria o custo da coleta seletiva pública de resíduos sólidos para realizar o trabalho do volume de materiais recicláveis recuperados pelas cooperativas e associações. O gasto total equivalente seria de 37 milhões de reais para o volume de 2017 e 30 milhões de reais para 2018.