A imagem do rosto de uma poderosa mulher, que viveu há 1.700 anos na costa norte do Peru e governou uma cultura pré-inca, foi revelada na última semana graças a uma reconstrução com tecnologia 3D. Ela possuía o corpo tatuado com imagens de serpentes, aranhas, formas geométricas e desenhos abstratos, e havia sido enterrada junto a armas e joias na pirâmide de Huaca Cao Viejo, próximo à cidade de Trujillo, a terceira mais populosa do país.
Antes desta descoberta, os cientistas acreditavam que apenas homens tinham ocupado posições de liderança na cultura moche, que floresceu no vale de Chicama, região na qual os restos foram encontrados, entre os anos 100 e 700. “Temos o privilégio de anunciar esta combinação singular entre o futuro e o passado: a tecnologia nos permite ver o rosto de uma líder política, religiosa, cultural do passado”, disse a jornalistas o ministro da Cultura, Salvador del Solar.
O rosto oval e com bochechas acentuadas da denominada Senhora de Cao foi apresentado após uma projeção de seu crânio que teve como base um banco fotográfico de mulheres da região onde seus restos foram descobertos, em 2005. Segundo as análises, ela teria entre 20 e 30 anos quando morreu, possivelmente por complicações no parto.
A Senhora de Cao foi descoberta pelo arqueólogo peruano Régulo Franco na região de La Libertad e, por conta do luxo dos vestidos, coroas, objetos de ouro e cobre e o elaborado fardo fúnebre que envolvia seu corpo, arqueólogos consideram que a mulher concentrava o poder político e religioso do vale de Chicama.
A descoberta foi somente comparável ao do Senhor de Sipán, um ex-governante da mesma cultura moche e cujo descobrimento dentro de uma tumba se tornou um importante marco da arqueologia peruana, porque estava intacto e sem sinais de roubos.
(Com Reuters)