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Pegadas revelam que dinossauros transitaram entre Brasil e Camarões

Pesquisadores encontraram conjuntos correspondentes de rastros no que hoje são dois continentes diferentes

Por Marília Monitchele Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 29 ago 2024, 17h00
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  • Há cerca de 140 milhões de anos, África e América do Sul começaram a se separar, desencadeando a formação de fissuras na crosta terrestre. Com o afastamento das placas tectônicas sob esses continentes, o magma do manto terrestre emergiu à superfície, formando nova crosta oceânica à medida que as massas de terra se distanciavam. Eventualmente, o Oceano Atlântico Sul surgiu para preencher o vazio entre essas terras recém-separadas.

    VEJA MAIS: Cientistas identificam continente perdido na separação da Pangeia

    Esses continentes foram os últimos refúgios onde os dinossauros puderam cruzar livremente entre as massas de terra antes que Gondwana – um fragmento de Pangeia – se dividisse completamente, cerca de 120 milhões de anos atrás.

    Recentemente, paleontólogos identificaram um novo exemplo dessa antiga conexão continental: conjuntos quase idênticos de pegadas de dinossauros, encontrados em países de continentes diferentes. Os fósseis foram descobertos em Camarões e no Brasil, separados por uma distância de aproximadamente 6.000 quilômetros.

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    Uma reconstrução dos movimentos passados ​​dos continentes, quando o super continente Pangeia se dividiu em Laurasia e Gondwana – (Info escola/Reprodução)

    Uma das últimas conexões geológicas estreitas entre a África e a América do Sul era o “cotovelo” do nordeste brasileiro, que se alinhava com a costa de Camarões ao longo do Golfo da Guiné. Essa estreita faixa de terra permitia a migração de animais entre os dois continentes.

    Ao todo, mais de 260 pegadas foram identificadas, revelando os caminhos que os dinossauros terrestres percorreram entre o continente africano e a América, milhões de anos antes das duas massas de terra se separarem. Segundo pesquisadores da Southern Methodist University (SMU), que lideraram o estudo, as pegadas têm idades semelhantes e compartilham contextos geológicos e tectônicos. Além disso, suas formas são praticamente idênticas.

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    Pegada de terópode da Bacia de Sousa, Cretáceo Inferior do Nordeste do Brasil – (Ismar de Souza Carvalho/Reprodução)

    Os rastros foram encontrados na região de Borborema, no nordeste do Brasil, e na Bacia de Koum, no norte de Camarões. Ambas as áreas contêm bacias de meio-graben – estruturas geológicas formadas durante o rifteamento, quando a crosta terrestre se separa e surgem falhas geológicas – que abrigam sedimentos antigos de rios e lagos. Grande parte dos fósseis consiste em pegadas de terópodes de três dedos, embora algumas possam ter sido deixadas por saurópodes ou ornitísquios.

    Antes que a conexão continental entre África e América do Sul fosse rompida, “rios fluíam e lagos se formavam nessas bacias”, explicou Louis L. Jacobs, paleontólogo e um dos autores da pesquisa. “Esses ambientes sustentavam uma cadeia alimentar completa, alimentando herbívoros e carnívoros. Os sedimentos lamacentos deixados pelos rios e lagos preservaram as pegadas dos dinossauros, documentando como esses vales fluviais serviram como corredores para a vida se espalhar pelos continentes há 120 milhões de anos.” Além das pegadas, esses sedimentos contêm pólen fóssil, também datado em 120 milhões de anos.

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