Destruído por um incêndio em setembro de 2018, o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, segue em obras que envolvem a reconstrução das fachadas e coberturas do Paço de São Cristóvão, a restauração dos jardins históricos, a reforma e ampliação da Biblioteca Central e a construção do Campus de Pesquisa e Ensino, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nesta sexta, 3, e no sábado, uma conferência no Museu de Arte do Rio (MAR) vai debater propostas para ajudar na recuperação da instituição. A previsão mais recente é que a reabertura deve ocorrer no primeiro semestre de 2027.
Adiada por dois anos em razão da pandemia, a Conferência de Museus, Rio de Janeiro – 2022 ocorrerá agora de forma híbrida (presencial e remota) e contará com a participação de especialistas da América Latina e da Europa. Estarão presentes representantes do Museu de Arte da Universidade Nacional de Bogotá, da Colômbia; do Museu Casa de Yrurtia, da Argentina; do Museu de Ciências Naturais e do Museu Linden, ambos da Alemanha, além dos brasileiros do MAR e do Museu do Amanhã.
“A ideia é discutir problemas que todos os museus têm”, disse Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional, em entrevista à VEJA. “Como você consegue ser sustentável, como consegue ser relevante, como consegue se comunicar com a sociedade, como trata das questões de preservação do patrimônio.”
O projeto de recuperação do Museu Nacional está avaliado em 380 milhões de reais. Até agora, já foram arrecadados 60% desse valor e gastos entre 15 e 20 milhões de reais. Uma das dores de cabeça da direção tem sido a Lei Rouanet, que ficou muito limitante depois das mudanças realizadas pelo governo federal, o que dificulta o recebimento de repasses e doações.
Segundo Kellner, o grande desafio, no entanto, não é a questão financeira, nem a questão da reconstrução. Mas como recompor o acervo da instituição, que foi muito afetado pelo incêndio. Para o diretor, é fundamental a colaboração interna e externa. “Precisamos de dez mil exemplares para a área expositiva do museu”, disse ele, que criou o Projeto Recompõe para este fim. “A conferência será uma oportunidade de expor essa carência aos nossos colegas brasileiros e estrangeiros.”
Para o diretor, é preciso deixar claro também que o Museu Nacional tem de merecer o novo acervo. Só será possível merecer e ganhar a confiança dessas instituições nacionais e internacionais, disse ele, se o “dever de casa” for feito com atenção. “E qual é ele?”, pergunta. “É construir o museu com as melhores normas de segurança. Mostrar que nós aprendemos de forma muito dura, mas aprendemos e vamos cuidar melhor desse patrimônio que muitas vezes transcende fronteiras.”
Fundado em 6 de junho de 1818 por Dom João VI, o Museu Nacional completa 204 anos na segunda-feira. Era inicialmente sediado no Campo de Sant’Ana e foi criado para incentivar novos estudos científicos no país. Em 1892, o museu passou a ser abrigado no Palácio de São Cristóvão, a antiga casa da família real brasileira. Em 1946, foi incorporado à Universidade do Brasil e hoje integra a estrutura acadêmica da UFRJ.