Segundo um estudo publicado no último dia 26 na revista científica Science, os hábitos alimentares dos neandertais, os parentes humanos mais próximos, podem ter sido ainda mais parecidos com os dos humanos modernos do que pensávamos. A pesquisa foi baseada na descoberta de uma caverna na costa de Portugal que data de 86 a 106 milhões de anos atrás e estava repleta de restos de comidas, provavelmente deixados pelos neandertais.
Entre os alimentos consumidos pelos nossos parentes, estavam principalmente mexilhões e caracóis aquáticos, indicando que eles, assim como nós, se alimentavam de frutos do mar. Resquícios de tubarões, focas, aves marinhas e caranguejos também foram encontrados nas redondezas da caverna portuguesa.
De acordo com os cientistas envolvidos, a descoberta ajuda a enfraquecer a hipótese de que o motivo pelo qual o Homo sapiens sobreviveu mais do que os neandertais tenha sido a sua dieta (a qual, caso fosse mais rica, poderia ter ajudado a incrementar nossas capacidades cognitivas, dando-nos vantagens sobre os demais). Afinal, segundo o novo achado, as dietas são muito semelhante à deles.
Outro ponto digno de ressalva é o de que o estudo aproxima ainda mais o homem moderno do neandertal, desconstruindo a imagem que temos dessa espécie de seres extremamente inferiores e grosseiros. Muito pelo contrário, cada vez mais pesquisas parecem apontar para semelhanças, e não distinções, entre as vidas desses humanos. Por exemplo, um artigo publicado em janeiro sugeriu que os neandertais possuíam hábitos complexos, como o costume de mergulhar em busca de conchas que eles depois utilizariam como ferramentas.