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Missão Juno revela que Júpiter tem ciclones e forte magnetismo

Os primeiros resultados da missão que estuda o maior planeta do sistema solar foram divulgados pela Nasa. Juno trouxe ainda imagens inéditas de Júpiter

Por Da redação
Atualizado em 25 Maio 2017, 17h33 - Publicado em 25 Maio 2017, 15h38
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  • Os polos de Júpiter são recobertos por ciclones, alguns com até 1.400 quilômetros de diâmetro, e o planeta apresenta um forte campo magnético, cerca de dez vezes maior que o da Terra. Os primeiros resultados da missão Juno, da Nasa, publicados nesta quinta-feira em estudos nas revistas Science e Geophysical Research Letters, revelam que o maior planeta do sistema solar é composto de uma atmosfera caótica, turbulenta e apresenta estruturas surpreendentes, que jamais haviam sido vistas em gigantes gasosos próximos ao Sol.

    “Não esperávamos que precisássemos dar um passo atrás e começar a repensar esse planeta como um Júpiter completamente novo”, afirmou o astrônomo Scott Bolton, do Southwest Research Institute em San Antonio (SwRI), nos Estados Unidos, líder da missão Juno, em comunicado.

    De acordo com os astrônomos, além de revelarem que Júpiter é muito diferente do que o previsto, os novos dados oferecem pistas da formação de nosso sistema solar e seus planetas. O objetivo da missão Juno é desvendar a formação e composição de Júpiter, informações que podem oferecer explicações para outros fenômenos vistos em planetas ao redor do Sol.

    Os dados utilizados pelos astrônomos foram recolhidos no primeiro “mergulho” feito no planeta pela sonda Juno, em 27 de agosto de 2016. A missão, lançada em 2011 pela agência espacial americana, entrou na órbita do planeta em julho de 2016. Em agosto, fez sua primeira aproximação de Júpiter: passou sobre os polos do planeta e mergulhou cerca de 5.000 quilômetros em suas nuvens, trazendo informações inéditas para os cientistas da Nasa.

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    Polos caóticos

    Em um dos estudos publicados pela Science, a equipe de pesquisadores liderado por Bolton analisou imagens dos polos caóticos do planeta, feitas pela JunoCam, uma câmera de alta resolução que, junto a oito instrumentos científicos, está enviando dados de Júpiter para o centro de controle da missão. As primeiras imagens reveladas pela sonda já mostravam auroras boreais, tempestades e atividades climáticas que jamais haviam sido vistas pelos astrônomos. Mas a análise das fotografias e informações recolhidas pela missão revelou que os polos apresentam gigantescos ciclones — alguns do tamanho da Terra — e algumas estruturas surpreendentes, entre elas uma faixa composta de amônia ao redor do “equador” do gigante gasoso. Segundo os novos dados, a substância também está espalhada em diferentes concentrações por todo o planeta, o que tornaria a composição de Júpiter extremamente diversa.

    Júpter
    Sequência de imagens que mostra a visão da missão Juno durante as aproximações do planeta (NASA/SWRI/MSSS/Gerald Eichstädt/Seán Doran/VEJA)

    Os pesquisadores também analisaram o campo magnético de Júpiter, com o objetivo de compreender a atmosfera e descobrir se o planeta apresentar um núcleo sólido, previsto por alguns modelos teóricos. Já se sabia que o campo magnético de Júpiter era o mais forte do sistema solar, mas as medições feitas pelos instrumentos de Juno mostraram que ele é duas vezes mais potente do que os cientistas imaginavam, e bastante irregular. De acordo com os pesquisadores, esses novos dados poderão ajudar a desvendar a existência de um possível núcleo no planeta.

    ‘Auroras’ de Júpiter

    Em outro estudo, também publicado pela Science, os astrônomos analisaram as ‘auroras’ de Júpiter. Segundo os autores, o mecanismo pelo qual o fenômeno ocorre no planeta é diferente do terrestre (por aqui, as auroras boreais são formadas, em linhas gerais, quando partículas eletricamente carregadas, emitidas pelo Sol, se aproximam do campo magnético da Terra e, em contato com a atmosfera de nosso planeta, interagem com os gases atmosféricos, como nitrogênio e oxigênio, produzindo as conhecidas luzes coloridas). De acordo com o estudo, os dados obtidos sugerem que as emissões das partículas elétricas ocorrem de maneira inversa em Júpiter: do planeta para o espaço — uma surpresa para os astrônomos. De acordo com o estudo, isso pode ser um indício de que o planeta esteja submetido a um modelo diferente de interação com o espaço.

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    Outros 44 artigos foram publicados em uma edição especial do periódico Geophysical Research Letters, com os detalhes das descobertas.

    A próxima aproximação que Juno fará de Júpiter será em 11 de julho e a sonda deve sobrevoar a Grande Mancha Vermelha do planeta. O objetivo dos pesquisadores é que os instrumentos científicos da sonda sejam capazes de captar dados suficientes para descobrir o que forma essa estrutura ainda misteriosa.

    Júpiter
    Imagem em “close” que mostra as nuvens da região sul de Júpiter, feita pela missão Juno. (NASA/SWRI/MSSS/Gerald Eichstädt/Seán Doran/VEJA)

    Confira o vídeo feito pela Nasa, que revela as ‘auroras’ do polo sul de Júpiter:

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