Lançado em 2018, o filme Megatubarão foi um sucesso gigantesco, tendo arrecadado mais de 500 milhões de dólares nas bilheterias de todo mundo. Tributário de Tubarão (1977), o longa de Jon Turtletaub foi um pouco além do que o clássico moderno de Steven Spielberg. Como protagonista de sua aventura-catástrofe, Turtletaub escolheu um Megalodonte, uma espécie de parente pré-histórico dos predadores marinhos que se movimentam pelas águas dos mares. Ocorre que todo o exagero empregado no desenho da criatura que estava adormecida no fundo do mar pode, no fim das contas, estar correta. É o que dizem pesquisadores americanos, britânicos e sul-africanos em um estudo publicado esta semana na revista Science Advances.
Os cientistas afirmam que o Otodus megalodon era um superpredador transoceânico. Como os corpos dessas criaturas eram formados basicamente por cartilagens, raramente se fossilizavam, com exceção de dentes e de parte da espinha dorsal. Eles usaram, então, um fóssil excepcionalmente bem preservado para criar o primeiro modelo 3D do corpo desse tubarão gigante. Com isso, foi possível estabelecer como se alimentava e se movimentava. “Estimamos que um O. megalodon adulto poderia cruzar em velocidades absolutas mais rápidas do que qualquer espécie de tubarão hoje e consumir totalmente presas do tamanho dos predadores modernos”, escreveram no estudo.
O que resultou da modelagem sugere um animal de 15 metros de comprimento e 67 toneladas, quase tão grande quanto um tubarão-baleia. Segundo os autores da pesquisa, é possível que outros megalodontes fossem ainda maiores. As mandíbulas do modelo megalodonte podem se abrir o suficiente para devorar uma orca de oito metros com apenas cinco mordidas.
A preferência alimentar por presas grandes, dizem os cientistas, permitiu que O. megalodon minimizasse a competição e forneceu uma fonte constante de energia para alimentar migrações prolongadas sem alimentação adicional. “Nossos resultados sugerem que O. megalodon desempenhou um importante papel ecológico como superpredador transoceânico”, escreveram no estudo. “Portanto, sua extinção provavelmente teve grandes impactos na transferência global de nutrientes e nas teias alimentares.”