Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Mais de 70 anos depois, partículas de bomba são encontradas em Hiroshima

Especialista em vida marinha encontrou resquícios da arma atômica durante pesquisa em praia da região

Por Estadão Conteúdo 14 Maio 2019, 01h20
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Mais de 70 anos depois do lançamento da bomba atômica de Hiroshima (ataque realizado em agosto de 1945), cientistas descobrem partículas da explosão que destruiu completamente a cidade japonesa em uma praia da região, revelando o quanto a ação humana sobre o ambiente pode ser devastadora mesmo depois de tantas décadas.

    Especialista em vida marinha, o geólogo Mario Wannier selecionava, metodicamente, partículas em amostras de areia recolhidas das praias da península de Motoujina, no Japão, quando se deparou com algo inesperado: um grande número de pequeninas esferas de vidro.

    O trabalho de Wannier, que já está aposentado, era comparar material biológico recolhido nas areias de diferentes praias num esforço para reunir informações sobre a saúde dos ecossistemas marinhos regionais. O trabalho envolvia o exame da areia sob o microscópio e a separação das diferentes partículas encontradas para avaliação mais acurada.

    “Eu já vi centenas de amostras das praias do Sudeste Asiático e sou capaz de diferenciar, imediatamente, grãos minerais de partículas criadas provenientes de animais e plantas; isso é muito fácil”, afirmou o especialista.

    Continua após a publicidade

    Nas amostras de areia provenientes de Motoujina ele encontrou amostras de organismos unicelulares comuns naquela região.

    “Mas havia algo mais….e era tão óbvio quando eu olhava para as amostras”, disse. “Não tinha como não ver aquelas partículas arredondadas e de um material parecido com vidro.”

    As partículas tinham de 0,5 milímetro a 1 milímetro. Embora algumas se parecessem com as encontradas em áreas de impacto de meteoritos – em que as temperaturas são tão altas que transformam areia em vidro -, outras eram um pouco diferentes e Wannier teve dificuldades para identificá-las.

    Foram anos de experiências no Laboratório de Berkeley e estudos na Universidade da Califórnia. Os esforços científicos revelaram partículas únicas, nunca vistas antes, com uma composição química incomum, misturas minerais inusitadas e formadas em um ambiente de alta temperatura e pressão.

    Continua após a publicidade

    Depois dessa descoberta, Wannier viajou ao Japão para colher mais amostras de areia da praia da mesma região, próxima à cidade de Hiroshima. Nas novas amostras ele voltou a encontrar o mesmo tipo de partícula. O fato de terem sido coletadas perto de Hiroshima levantou a suspeita de que elas poderiam estar relacionadas à explosão da bomba atômica que devastou a cidade em 6 de agosto de 1945, deixando pelo menos 70 mil mortos. Estima-se que 90% da cidade tenha sido completamente destruída.

    “Este foi, de longe, o pior evento realizado pelo homem”, avalia Wannier sobre a explosão da bomba. “Você tinha uma cidade inteira e um minuto depois você não tinha mais cidade. Então a pergunta é: onde está a cidade? Onde está todo esse material? Foi muito importante descobrir essas partículas. É uma história e tanto.”

    Os experimentos realizados revelaram que as partículas encontradas pelo geólogo se formaram em condições extremas, com temperaturas de até 1.800º Celsius. Os cientistas também comprovaram que a composição das partículas coincidia com a dos materiais mais comuns em Hiroshima na ocasião do bombardeio, como concreto, mármore, aço e borracha.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.