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Ilhas de árvores recuperam biodiversidade em áreas de monocultura

Estudo foi conduzido por pesquisador brasileiro da Universidade de Göttingen, na Alemanha

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 14 nov 2024, 16h00
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  • Um estudo publicado na revista Science revelou que ilhas de floresta são uma estratégia eficaz para recuperar a biodiversidade em áreas dominadas por monoculturas, como as plantações de dendê. A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade de Göttingen, na Alemanha, e da Universidade de Jambi, na Indonésia, demonstrou que quanto maiores e mais diversas as ilhas, maior a quantidade de espécies nativas que conseguem se estabelecer no local.

    O experimento foi realizado em uma plantação industrial de dendê na ilha de Sumatra, na Indonésia. Os pesquisadores plantaram 52 ilhas de árvores com diferentes tamanhos (de 25 a 1.600 metros quadrados) e composições, variando de nenhuma a 6 espécies nativas. Após seis anos, o estudo registrou 2.788 novas plantas de 58 espécies e 28 famílias diferentes.

    As ilhas de árvores com maior variedade de espécies plantadas no início apresentaram uma recuperação mais rápida da biodiversidade. As árvores plantadas nessas ilhas criam um ambiente mais heterogêneo, com diferentes condições de luz, sombra e temperatura, o que favorece o estabelecimento de espécies com diferentes estratégias ecológicas e aumenta a resiliência do ecossistema às mudanças climáticas.

    Espécies raras

    Um resultado importante foi que as áreas com mais de 400 metros quadrados hospedaram 94% das espécies nativas identificadas no estudo. Além disso, as ilhas maiores foram essenciais para proteger espécies raras, endêmicas e associadas a florestas, que não foram encontradas nas ilhas menores.

    Embora os níveis de biodiversidade nas áreas restauradas ainda sejam inferiores aos das florestas primárias, o estudo demonstrou que as ilhas de árvores podem acelerar o processo de restauração florestal, sem a necessidade de plantio em larga escala.

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    O brasileiro Gustavo Paterno, pesquisador da Universidade de Göttingen e principal autor do estudo, acredita que a técnica pode ser adaptada para o Brasil, usando espécies nativas e diferentes composições de ilhas, de acordo com as características de cada bioma. “A abordagem poderia ser aplicada em plantações de eucalipto na Mata Atlântica, assim como em outras monoculturas importantes, como laranja, café, cana-de-açúcar e soja”, exemplificou Paterno por meio de comunicado.

    Conservação

    O principal benefício da estratégia é a conservação de espécies nativas que não sobrevivem em áreas agrícolas, ampliando a capacidade de proteger a biodiversidade desses ecossistemas.

    As ilhas de árvores também podem ser usadas para acelerar a restauração ecológica de florestas nativas em áreas agrícolas abandonadas, aumentando a diversidade funcional do ecossistema. “Essas ilhas funcionam como atratores de biodiversidade”, explicou Paterno. “Após seu crescimento, as árvores atraem aves e animais que se alimentam de frutas, que trazem mais sementes e enriquecem a regeneração da vegetação. Com o tempo, essas ilhas podem se expandir e formar uma área florestal contínua, sem a necessidade de plantar árvores em toda a área.”

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