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Guardiã das tartarugas

A ativista ambiental Fe Cortez fala de sua batalha para implementar uma lei que visa a diminuir a poluição em Fernando de Noronha com uma medida radical

Por João Batista Jr. Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 15h50 - Publicado em 22 fev 2019, 07h00

Qual é a importância da lei que restringirá o uso de plástico em Fernando de Noronha a partir de 13 de abril? A lei se tornará um marco para o Brasil, pois pode ser replicada em outros lugares. Após essa data, nenhum material descartável — como copo e talher de plástico ou quentinha de isopor — poderá ser usado ou comercializado em Noronha. Canudos e sacolas também estarão vetados. Garrafas plásticas de bebidas como água só poderão ter capacidade superior a 500 mililitros. Os hotéis e comerciantes que venderem tais itens receberão multa.

Como se dá sua atuação no combate ao plástico? Procuro explicar aos moradores e comerciantes locais o impacto positivo da medida na vida das ilhas. Por ser leve, o plástico muitas vezes é levado pelo vento para várias partes de Noronha. Há quem já tenha topado com lixo até nas trilhas mais belas. Os plásticos poderão ser ainda mais nocivos se forem parar no mar, em regiões como o berçário de tartarugas.

A senhora fez uma ação também no Rio. Como foi? O prefeito Marcelo Crivella ainda não havia sancionado a lei que vetou o canudo plástico em bares e restaurantes, então coletamos milhares de assinaturas de moradores e de vereadores para pressioná-lo.

Como a senhora se tornou ativista ambiental? Eu trabalhava com moda e redes sociais, mas tudo perdeu o sentido quando vi o documentário Trashed — Para Onde Vai Nosso Lixo (2012). Fiquei impactada ao ver a ilha de plástico no Oceano Pacífico. Decidi fazer al­go. Em 2015, criei o movimento Me­nos 1 Lixo, com o desafio de provar que atitudes individuais somadas constroem um mundo mais sustentável.

Pode dar exemplos dessas atitudes? Não uso mais copos nem sacolas de plástico, e passei a falar do assunto com os amigos. Muitos deles aderiram. Ainda assim, tenho amigas que vão com bolsa de tecido à feira mas separam tomate e mamão, por exemplo, em saquinhos de plástico. Não faz o menor sentido. Minha casa toda mudou. Montei uma composteira para dar finalidade ao lixo orgânico. Hoje circulo pelo Rio de Janeiro de bicicleta elétrica. É uma das melhores medidas que tomei: posso admirar mais a beleza da cidade.

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Publicado em VEJA de 27 de fevereiro de 2019, edição nº 2623

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