Em abril de 2007, os guardas do Parque Nacional de Virunga, no Congo, encontraram uma gorila das montanhas bebê “agarrada ao corpo sem vida de sua mãe, abatida por milícias armadas horas antes”. André Bauma, que já trabalhava na reserva, recebeu-a em seus braços pouco tempo depois e os dois se tornaram inseparáveis. Até que ela sucumbiu a uma longa enfermidade e morreu no dia 26 de setembro, nos braços do homem que ajudou a criá-la ao longo de cerca de 14 anos.
“Tenho orgulho de ter chamado Ndakasi de minha amiga”, escreveu Bauma em uma declaração pública. “Eu a amava como uma filha e sua personalidade alegre trazia um sorriso ao meu rosto cada vez que interagia com ela. Ela fará falta para todos nós em Virunga, mas seremos eternamente gratos pela riqueza que trouxe para nossas vidas durante seu tempo conosco.”
Ndakasi ficou famosa em 2019, quando uma “selfie” com ela se espalhou pelas redes sociais no Dia da Terra, comemorado em 22 de abril. A foto mostra a gorila atrás sua amiga Ndeze, que aparece de corpo inteiro, ambas sobre os dois pés, com a barriga protuberante e o que pareciam ser sorrisos estampados no rosto. Quem fez a foto foi o guarda florestal Mathieu Shamavu.
Nascida em abril de 2007, no grupo familiar de gorilas das montanhas Kabirizi, Ndakasi tinha apenas dois meses de idade quando os guardas florestais de Virunga a encontraram junto à mãe. Sob os cuidados de Bauma, ela sobreviveu. No entanto, estava vulnerável demais para retornar à vida selvagem. Junto com Ndeze, ela foi transferida para o Centro Senkwekwe, em 2009, onde passou a viver com seus cuidadores e outros gorilas das montanhas órfãos durante mais de 11 anos.
Os massacres de gorilas em 2007 levaram as autoridades congolesas a empreender uma ampla reforma institucional e de segurança no parque. Isso fortaleceu significativamente a proteção dos animais e possibilitou as condições que contribuíram para a recuperação da espécie. Ndakasi nasceu em uma época em que a população global de gorilas das montanhas estava ameaçada. Ao longo de sua vida, no entanto, a espécie cresceu 47% – de 720 indivíduos, em 2007, para cerca de 1.063, em 2021.