A família de Paul-Henri Nargeolet, o explorador francês que morreu na implosão do submersível Titan, entrou com uma ação por homicídio culposo, na qual acusa o operador do submarino de negligência grave e pede mais de 50 milhões de dólares de reparação. Segundo os advogados, o submersível tinha uma “história problemática” e a empresa omitiu propositalmente suas “falhas e deficiências” aos passageiros.
Nargeolet estava entre as cinco pessoas que morreram quando o veículo implodiu durante uma expedição ao famoso local do naufrágio do Titanic, no Atlântico Norte, em junho de 2023. Conhecido como “Sr. Titanic”, o empresário já havia visitado o local outras vezes e era considerado um dos maiores especialistas do mundo sobre o tema. Os advogados de seu espólio disseram à Associated Press que a ação tem como objetivo dar respostas à família sobre como o acidente aconteceu, quem estava envolvido e como permitiram o ocorrido.
Além do francês, também estavam no submersível o executivo-chefe da OceanGate Expeditions Stockton Rush, o eminente empresário paquistanês Shahzada Dawood, junto de seu filho, Suleman, e o britânico Hamish Harding. Ninguém sobreviveu à viagem.
Relembre a história
O episódio trágico ocorreu em 18 junho de 2023, quando a OceanGate Expeditions realizava uma expedição em direção aos destroços do Titanic. O veículo, operado pela empresa com sede nos Estados Unidos, começou sua descida submarina às 6h do domingo, no horário local. A embarcação utilizava o equipamento de internet da Starlink, empresa de Elon Musk, para manter contato com um navio na superfície, mas essa conexão foi perdida alguns minutos após a descida, quando o veículo já estava a uma profundidade de aproximadamente 3.300 metros.
Segundo o cofundador da empresa, Guillermo Söhnlein, em caso de perda de contato o veículo deveria retornar a superfície, mas isso não ocorreu. Após quatro dias, quando a expectativa era de que o oxigênio do Titan já teria acabado, a Guarda Costeira dos Estados Unidos confirmaram ter encontrado os destroços e afirmaram que o achado era consistente com “perda catastrófica”. Os restos foram encontrados a cerca de 300 metros de distância do Titanic, 700 quilômetros ao sul de Newfoundland, de onde o submersível partiu.
Em 2018, um grupo de especialistas que incluía oceanógrafos, executivos de empresas submersíveis e exploradores de águas profundas alertaram que tinham preocupação com o design da embarcação e temiam que o Titan não tivesse seguido os procedimentos de certificação padrão, mas a empresa ignorou o aviso. Uma investigação realizada pela Guarda Costeira está em andamento até hoje e, em setembro, uma importância audiência será realizada como parte do inquérito.