Um artigo escrito por Winston Churchill sobre a possibilidade de vida extraterrestre foi descoberto recentemente e analisado pelo astrofísico Mario Livio, cientista do Space Telescope Science Institute (STScI, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, e autor de livros de divulgação científica. O especialista divulgou o achado nesta quarta-feira, na revista científica Nature.
Com o título “Estamos sozinhos no Universo?”, o estudo de 11 páginas foi escrito em 1939, data próxima ao início da II Guerra Mundial. Nele, o primeiro-ministro britânico taxa como “enorme” as chances de haver planetas com condições de receber vida e ironiza a situação política da época. “Não estou impressionado o bastante pelo sucesso de nossa civilização para pensar que somos o único lugar neste imenso universo que contém criaturas vivas e pensantes”, escreveu. Até hoje, o texto permaneceu desconhecido, já que ainda não havia sido publicado ou avaliado por acadêmicos.
O ensaio foi encontrado pelo novo diretor do Museu Nacional de Churchill dos Estados Unidos, em Fulton, no estado de Missouri, em maio de 2016. Ele estava na coleção doada pela esposa de Emery Reves, editor e amigo do ex-primeiro-ministro, nos anos 80. Em seguida, o diretor o entregou a Mario Livio para análise.
A suspeita é que ele foi escrito para o extinto jornal britânico News of the World, em 1939. Churchill costumava publicar textos de ciência popular para revistas e jornais. Nas décadas de 1920 e 1930, ele já havia produzido artigos famosos sobre evolução e células.
Mas não se sabe o porquê de “Estamos sozinhos no Universo?” nunca ter sido publicado. Churchill chegou até a revisar o artigo e fazer algumas mudanças em 1950. Uma delas foi o título, que originalmente era “Estamos sozinhos no Espaço?”.
Winston Churchill
O primeiro-ministro britânico é conhecido por conduzir os Aliados à vitória na II Guerra Mundial. No entanto, o seu papel para o avanço da ciência também merece destaque. Ele foi um dos primeiros líderes a priorizar o assunto e investir em tecnologia.
Mario Livio destaca a importância de um político que priorizava a área, citando o cenário americano atual. O presidente americano, Donald Trump entrou em diversas discussões com a comunidade científica assim que foi eleito. “Em um momento em que muitos dos políticos de hoje esquivam-se da ciência, é comovente recordar-se de um líder que se engajava nela tão profundamente”, escreveu.
No estudo, Churchill demonstra um alto conhecimento da ciência moderna. Mais de meio século antes da descoberta de planetas fora do sistema solar, ele considerava problemas semelhantes aos debatidos pela astrobiologia (ciência que estuda a origem e evolução da vida no universo) hoje em dia. O político descreveu ainda a importância da água e da temperatura para a existência de vida.