Dez das descobertas científicas mais surpreendentes de 2023
Revelações incluíram baleia, igrejas perdidas e quebra de paradigmas históricos
O ano de 2023 foi especialmente marcado por conflitos territoriais e disputas políticas. Apesar disso, a ciência não parou e mostrou que, independentemente das dificuldades, sempre haverá espaço para as descobertas mais curiosas e surpreendentes.
Entre igrejas submersas e baleias gigantes, VEJA garantiu, ao longo do ano, que os resultados mais importantes tivessem um espaço no noticiário e, agora, trazemos aqui dez das descobertas mais fascinantes feitas nacional e internacionalmente.
Réptil voador brasileiro ganhou novos detalhes
Conhecido como Caiuajara dobruskii, o pterossauro brasileiro foi descrito pela primeira vez em 2014. 85 milhões de anos após sua passagem pelo país, paleontólogos do Museu Nacional se debruçaram a entender melhor essa espécie e, agora, revelaram que os animais se desenvolviam ao longo de sua existência e encontraram pistas como como identificar animais de sexos distintos.
Bônus: Um fóssil descoberto no Rio Grande do Sul, por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria, revelou uma nova espécie de lagerpetídeo que está ajudando a elucidar a história evolutiva dos dinossauros e pterossauros.
Cemitério mais antigo do mundo não foi obra humana
Paleontólogos sul-africanos encontraram o cemitério mais antigo do mundo. A descoberta revela um local que pode ter sido inaugurado há pelo menos 200 mil anos, por seres da espécie Homo naledi, um parente distante dos humanos. O achado sugere que, diferente do que se acreditava até agora, comportamentos emocionais complexos e rituais simbólicos, como práticas mortuárias, são anteriores aos Homo sapiens.
Maior mamífero que já viveu na terra era antepassado das Baleias
Em agosto, um grupo internacional de pesquisadores anunciou a descoberta do fóssil do que pode ter sido o maior mamífero que já viveu na Terra. Com 30 milhões de anos, o Perucetus colossus pertencia a família dos basilosauridae, os primeiros cetáceos (grupo de mamíferos que também inclui os golfinhos) e viveu onde hoje fico o deserto da costa do Peru. Estimativas apontam que ele media cerca de 20 metros e pode ter pesado até 340 toneladas.
Capítulo bíblico ficou oculto por mais de um milênio
Um medievalista da Academia Austríaca de Ciências conseguiu tornar legíveis as palavras perdidas no antigo livro de Mateus com o auxílio de luzes ultravioletas. O capítulo 12 do evangelho foi apagado há cerca de 1.300 anos, quando o pergaminho era um recurso escasso. O processo revelou uma das primeiras traduções em siríaco deste livro, será preservado e estudado na Biblioteca do Vaticano.
Humanos ajudaram a moldar Amazônia
Um estudo liderado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais descobriu indícios de 24 sítios arqueológicos intocados sob as copas das árvores amazônicas. O estudo ainda revelou que podem haver até 23 mil modificações de terras espalhados pela região, sugerindo que os povos que vivem na Amazônia há pelo menos 1500 anos podem ter sido mais influentes em moldar a floresta tropical do que se acreditava até agora.
Mais antiga construção de madeira é descoberta
Uma pesquisa publicada na Nature foi parte do projeto “Raízes Profundas da Humanidade” e revelou a existência de estruturas de madeira de cerca de 476 mil anos, anterior ao predomínio dos Homo sapiens. O achado indica que os primeiros humanos moldaram e uniram troncos com a intenção de fazer uma plataforma ou parte de uma edificação habitacional sugerindo que seres da idade da pedra eram menos itinerantes do que se supunha.
Panda gigante foi encontrado em tumulo de imperador
O esqueleto completo de um panda gigante foi encontrado nos arredores do mausoléu do imperador chinês Wen, da dinastia Han. Com dois mil anos de idade, o tipo raro de panda, de coloração amarronzada, é evidência de uma pratica antiga frequente que visava, no caso dos aristocratas, replicar no pós-vida os suntuosos jardins imperiais.
Réplica do Titanic é divulgada
Ao longo de 2022 uma empresa de mapeamento de águas profundas fez uma varredura dos destroços do Titanic. Este ano, ela foi utilizada para fazer a reconstrução do navio, que afundou em 1912 e hoje está a uma profundidade de quatro quilômetros. A reconstrução ajudará no estudo mais aprofundado do material, que já se encontra em estágio avançado de decomposição, e poderá ajudar na elucidação do processo de naufrágio.
Igreja submersa há mais de 650 anos é encontrada na costa alemã
Em janeiro de 1362 um entreposto medieval afundou sob as ondas do Mar de Wadden, hoje na Alemanha, quando um temporal atingiu a costa. Agora, combinando métodos geocientíficos e arqueológicos, pesquisadores alemães localizou a principal igreja do vilarejo. As investigações trazem informações únicas sobre a vida dos colonos na região das ilhas da Frísia do Norte e evidenciam novos achados nas planícies.
Ötzi, o homem do gelo, era negro e possivelmente calvo
Desde a sua descoberta, em 1961, um corpo que foi encontrado preservado no gelo em Tirol do Sul, na Itália, tem sido estudado extensivamente, mas, até agora, os pesquisadores viam o homem, que foi apelidado de Ötzi, como um europeu contemporâneo. Um estudo genético divulgado neste ano, no entanto, revela que o homem tinha indícios de pigmentação na pele, ascendência 92% anatólia e susceptibilidade a calvície. O trabalho trouxe a tona a profundidade com que as pré-concepções dos pesquisadores pode influenciar os resultados científicos.