Com a busca por formas de curar a Covid-19 tomando conta de universidades e laboratórios de todo o mundo, pesquisadores da Universidade do Texas em Austin (EUA) podem ter dado um passo em direção a uma resposta — de forma bastante inesperada. Em parceria com o Instituto Nacional de Saúde e a Universidade Ghent (Bélgica), eles publicaram, no último dia 5, um estudo em que exploram a possibilidade de criar um tratamento para o coronavírus que envolve… lhamas.
Publicada no periódico científico Cell, a pesquisa indica que há dois tipos de anticorpos produzidos por lhamas que, quando combinados, formam um novo anticorpo, capaz de se ligar a uma proteína chave do vírus SARS-CoV-2, causador da doença. Essa proteína é a responsável por permitir que o vírus invada as células que parasitará.
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Clique e AssineDe acordo com os testes feitos pelos cientistas, o anticorpo criado a partir dos substratos vindos das lhamas é capaz de impedir que o vírus infecte células em cultura. Segundo os pesquisadores, trata-se de um dos primeiros anticorpos conhecidos que podem neutralizar o coronavírus.
Mas por que lhamas?
Eram esses animais que os cientistas envolvidos no estudo estavam pesquisando em 2019, quando o foco do grupo era o SARS-CoV-1 e o MERS-CoV, coronavírus mais antigos. No processo, os pesquisadores injetavam os camelídeos com proteínas do vírus, de forma muito parecida com a imunização por meio de vacinas que estamos acostumados a fazer.
Posteriormente, os cientistas coletavam amostras de sangue das lhamas e isolavam os anticorpos desses animais que se conectaram às proteínas dos vírus. Um desses anticorpos apresentou grande potencial de bloquear a entrada do coronavírus nas células a serem parasitadas.
Já depois da deflagração da nova pandemia, os pesquisadores, juntando duas cópias desse anticorpo, conseguiram criar um novo anticorpo, ainda mais capaz de lutar contra o coronavírus. De acordo com os testes, esse composto parece funcionar muito bem para impedir a infecção de novas células pelo vírus.
O próximo passo é testar o composto em animais como hamsters ou até mesmo primatas não humanos, com a esperança de, em breve, aplicar o anticorpo em pessoas. O tratamento, se comprovado, poderia ajudar indivíduos saudáveis e também aqueles recém-infectados pelo coronavírus.
Diferentemente de vacinas, que devem ser dadas um ou dois meses antes da possível infecção para de fato proteger o corpo humano, a terapia com anticorpos permite uma imunização quase imediata, podendo até mesmo ser utilizada para tratar doentes e amenizar a gravidade do quadro do paciente.
(Com Science Daily)