Gastar dinheiro para delegar tarefas que ocupam períodos de tempo significativos, como compras ou faxina, traz mais felicidade que usar o mesmo valor para comprar produtos, segundo um novo estudo canadense. De acordo com o experimento, feito com 6.271 adultos nos Estados Unidos, Canadá, Dinamarca e Holanda, pagar por essas atividades ajuda a aliviar o stress causado pela sensação de falta de tempo, promovendo efeitos de bem-estar geral e felicidade.
“Descobrimos que gastar dinheiro em compras para economizar tempo produz felicidade e reduz o mau humor, porque nos protege da tensão diária que sentimos em nossas vidas de ‘nunca ter tempo’“, afirmou Ashley Whillans, pesquisadora da Universidade Harvard e líder do estudo, ao site da CNN.
De acordo com Whillans, a pesquisa, publicada na segunda-feira no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), não oferece uma análise apenas para aqueles que têm recursos para gastar com esses serviços – já que até os mais ricos de países desenvolvidos relutam em pagar pessoas para fazer tarefas domésticas –, mas investiga o impacto do stress causado pela sensação de falta de tempo nas sociedades. Essa tensão pode contribuir para ansiedade, insônia e obesidade. De acordo com os resultados da pesquisa, a sensação de felicidade maior em “economizar tempo” foi sentida em diversas classes sociais e por pessoas de rendimentos diferentes.
“O dinheiro de fato pode comprar tempo. E compra tempo de forma bem eficiente. Então a principal mensagem é ‘pense sobre isso, há algo que você odeia fazer e poderia pagar alguém para fazê-lo para você?’ Se a resposta é sim, então a ciência diz que é uma boa forma de usar o dinheiro”, afirmou Elizabeth Dunn, professora de psicologia da Universidade British Columbia, no Canadá, e uma das autoras do estudo ao site da BBC.
“Comprar felicidade”
Para fazer o estudo, a equipe de cientistas pediu aos participantes (entre eles 818 milionários) que respondessem a questionários sobre o valor que gastavam em atividades que “economizam tempo”, como pagar alguém para fazer a faxina, refeições ou compras. A análise dos dados mostrou que menos de um terço dos indivíduos despendia recursos nessas tarefas – contudo, aqueles que faziam isso descreveram maior sensação de satisfação com a vida que os demais.
Após essa etapa, sessenta adultos de Vancouver, no Canadá, puderam gastar 40 dólares na compra de algo que economizaria tempo, em atividades como ter as refeições entregues ou alguém para fazer a limpeza, por uma semana. Na semana seguinte, usaram a mesma quantia para comprar bens materiais. A satisfação também foi maior entre esses adultos com os valores gastos para “economizar tempo”.
“A pesquisa revela uma rota até então desconhecida da riqueza ao bem-estar: gastar dinheiro para comprar tempo livre. Nossos resultados sugerem que usar o dinheiro dessa forma pode proteger as pessoas dos efeitos nocivos da pressão dos prazos na satisfação com a vida”, afirmam os pesquisadores no estudo.