Um chimpanzé chamado Cecília, primeiro primata que usufrui, na prática, do direito de viver em um santuário concedido por um habeas corpus, chega a Sorocaba nesta quarta-feira. O animal, de 19 anos, que morava no zoológico de Mendoza, na Argentina, vai viver no Santuário de Grandes Primatas de Sorocaba, em São Paulo, com um dos grupos de mais de 50 chimpanzés do local.
Segundo comunicado do Projeto GAP, movimento internacional que luta pelos direitos de grandes primatas não-humanos, ao qual o santuário de Sorocaba é afiliado, o pedido de habeas corpus foi feito pela ONG argentina Associación de Funcionarios y Abogados por los Derechos de los Animales (AFADA, na sigla em espanhol). A organização argumentou que Cecília é um sujeito de direito – e não um objeto – que se encontrava em condições de cativeiro muito ruins no zoológico. O processo correu por mais de um ano na justiça argentina, até que a juíza Maria Alejandra Maurício concedeu o pedido e determinou a transferência da fêmea para o Brasil.
Outras tentativas de libertação de animais como Cecília de cativeiros inadequados por meio meio de habeas corpus no Brasil, Estados Unidos e Europa têm sido feitas, de acordo com o comunicado. As transferências, contudo, ainda não aconteceram.
Chimpanzé triste
De acordo com pesquisas científicas, os chimpanzés compartilham 99,4% do código genético com os humanos e têm algumas reações e atitudes parecidas com as dos homens, como a comunicação ou o sofrimento quando um dos membros de seu grupo morre.
Cecília é a única sobrevivente de um grupo de chimpanzés que morava no zoológico de Mendoza. De acordo com o comunicado do Projeto GAP, depois da morte inesperada de dois de seus companheiros, Charly e Xuxa, ela ficou triste, situação agravada pelas condições precárias do zoológico em que se encontrava. Em Sorocaba, o animal deve passar por um período de adaptação para que, em seguida, seja reunida a um dos grupos de chimpanzés do Santuário.