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Apesar das desigualdades, mulher é quem mais empreende no Brasil

Estudo interno do Itaú Unibanco mostra que salários das funcionários mulheres são 4% menores do que dos homens

Por Sabrina Brito Atualizado em 16 nov 2018, 15h27 - Publicado em 16 nov 2018, 15h07
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  • Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, data criada pela ONU para debater os desafios das mulheres no mercado de trabalho, é comemorado na segunda-feira, 19. Em janeiro de 2017, a Bloomberg anunciou o Índice de Igualdade de Gênero em Serviços Financeiros, medidor que serviria para fornecer aos investidores de uma empresa ou instituição um panorama estatístico das políticas que ela possui em relação à igualdade de gênero. A criação desse parâmetro reflete a crescente preocupação dos indivíduos e pessoas jurídicas que buscam investir em algum lugar com o compromisso da empresa com esse assunto.

    Apesar de ser um tema cada vez mais debatido, o desequilíbrio entre os gêneros é visível no mercado, como mostra uma pesquisa do IBGE divulgada em março de 2018. O estudo indicou que, em 2016, mulheres ocupavam apenas 37,8% das posições de liderança em companhias no Brasil. Esse número representa uma queda de 1,2% em comparação ao ano anterior.

    Simultaneamente à discussão sobre essa desigualdade, crescem também os levantamentos acerca do tema e de como ele influencia o dia a dia de uma empresa. Um relatório da consultoria McKinsey publicado no início do ano comprovou que as instituições com maiores índices de diversidade de gênero em suas equipes executivas tinham 21% a mais de propensão a ter lucratividade acima da média.

    A solidez dessas estatísticas pode ser apoiada por outras investigações, como aquela elaborada pela HSD Consultoria em 2018. O trabalho revelou que as mulheres, de forma geral, possuem perfis de personalidade menos ligados a desvios de conduta do que suas contrapartes masculinas. Ou seja, é menos provável que pessoas do gênero feminino ajam de formas que causam riscos para suas organizações.

    Em uma pesquisa recente elaborada pelo Itaú Unibanco, à qual VEJA teve acesso com exclusividade, foram investigadas as condições da igualdade dentro das hierarquias da instituição. O estudo encontrou muitas disparidades. Por exemplo, foi descoberto que a remuneração total de suas funcionárias femininas é 4% menor do que a dos homens. Mesmo compondo 60% dos coordenadores da instituição (cargo de primeiro nível de gestão), as mulheres são só 24% dos superintendentes e 14% dos diretores do banco.

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    Em uma tentativa de equilibrar as balanças e promover mais diversidade, o Itaú Unibanco, que integra o Índice de Igualdade de Gênero em Serviços Financeiros desde sua criação, criou o programa “Aceleração Itaú Mulher Empreendedora”, em parceria com a FGV. O projeto, que já está em sua segunda edição, tem como objetivo aprimorar as habilidades empreendedoras e de gestão empresarial de clientes do sexo feminino no banco. 

    O empreendedorismo tem sido uma alternativa saudável para as mulheres aumentarem a renda e participar ativamente do mercado. Além disso, é uma forma de escapar das desigualdades que existem dentro de empresas e instituições. Sobretudo no setor de serviços, as mulheres representam grande parte da força empreendedora nacional.

    Prova disso é o levantamento mundial Global Entrepreneurship Monitor 2017, responsável por mostrar que, no Brasil de 2016, mais da metade dos novos negócios abertos foi fundada por mulheres, com uma porcentagem 3% maior do que o sexo oposto. Elas também são, em média, mais escolarizadas do que os homens que possuem seus próprios estabelecimentos.

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    VEJA conversou com duas participantes do programa Itaú Mulher Empreendedora para entender melhor a vida e os desafios de quem quer ter sua própria empresa no Brasil.

    Para Mariana Ciarrocchi, sócia proprietária e chef de cozinha do restaurante Duas Terezas, de São Paulo, o essencial para empreender é aprender o lado prático do negócio. “Precisamos saber mais do que só a teoria”, comenta, afirmando que as aulas ajudam bastante nesse ponto.

    Além disso, o simples fato de pertencer ao sexo feminino pode mudar a perspectiva de uma pessoa que pretende gerenciar uma empresa. “A mulher tem dificuldade em pensar grande e colocar o que projetamos em prática. Isso acontece porque sempre pensamos na família, na maternidade primeiro. A cobrança que a sociedade faz sobre o que é ser uma boa mãe é muito diferente do que é cobrado dos homens”, opina.

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    Segundo ela, o projeto do Itaú ajuda as participantes a lidar com esses fatos e a contorná-los de uma forma que permite aliar o negócio com a vida pessoal. Para Mariana, a presença de suas colegas pode ser muito importante.”Colocar 30 mulheres na mesma sala cria uma rede de apoio entre a gente. Dizemos: ‘Você tem medo mas quer crescer? Eu também'”.

    Para Luciana Carmo dos Santos, proprietária da We Viagens Técnicas e Eventos Corporativos e Curadoria de Negócios, outra participante, os ensinamentos obtidos ao longo do curso foram úteis para que ela pudesse dar um passo para trás e analisar o plano de negócios. “Eu fui executiva do mercado financeiro, e, apesar de toda a base estratégica que aprendi ao longo da minha vida profissional, pude parar para refletir sobre a empresa”, comenta.

    Em relação ao futuro, a ideia é sempre a de ir mais longe. Luciana, por exemplo, pretende trabalhar no fortalecimento do seu empreendimento, tendo em mente o objetivo de expansão. “Em 3 anos, a empresa estará em um outro patamar. Entre 2019 e 2020, desenvolveremos algumas parcerias estratégicas”, conta.

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