Anéis de saturno podem ser dez vezes mais antigos do que se estimava
Características do gigante gasoso permite que pedras de gelo mantenham a aparência jovial

Quando a sonda Cassini sobrevoou os anéis de Saturno, em 2004, ela revelou que eles são brilhantes e muitos limpos, características comuns de corpos jovens. Esses dados permitiram que os cientistas estimassem que eles não teriam mais do que 400 milhões de anos – agora, um estudo questiona essa suposição e sugere um mecanismo para a aparência jovial dos detritos.
De acordo com o trabalho, os anéis, na verdade, podem ter milhões de anos, mas as características do planeta fazem com que eles sejam resistentes à poluição e, portanto, mantenham a aparência brilhante e limpa. “Nossos resultados […] sugerem que os anéis de Saturno podem ser tão antigos quanto a idade do sistema solar, embora pareçam limpos e jovens”, escrevem os autores do artigo publicado nesta segunda-feira, 16, na Nature.
Por que os anéis são resistentes à poluição?
De maneira geral, os anéis de saturno são compostos de pedras de gelo que variam de pequenos grãos até pedaços gigantescos, com o tamanho de uma montanha. As teorias convencionais sugerem que, à medida que o tempo passa, micrometeoritos (rochas minúsculas, do tamanho de grãos de areia) que circulam vastamente pelo universo deveriam se depositar nos anéis fazendo com eles ficassem sujos e opacos.
Quando os dados da sonda Cassini chegaram à Terra a primeira suposição, dadas as características observadas, foi a de que esses anéis eram jovens e, por isso, tão limpos. Um estudo recente, contudo, utilizou modelos computacionais para investigar o impacto desses pequenos detritos e revelou que, na verdade, a realidade pode ser um pouco diferente.
O que os pesquisadores viram foi que a velocidade com que esses micrometeoritos se chocam com os anéis faz com que eles sejam vaporizados imediatamente. Esse processo gera nanopartículas e íons que são capturados pelo campo magnético do planeta, fazendo com que eles sejam expelidos do sistema ou com que caiam na atmosfera, mantendo os anéis sempre limpos.
Esse achado dá novo fôlego para uma suposição que havia sido descartada: a de que os anéis, na verdade, podem ter 4,5 bilhões de anos, a mesma idade de Saturno. Ele estimula, ainda, que outras investigações sejam feitas para questionar conhecimentos estabelecidos. “Finalmente, impactos de alta velocidade que levam à criação de nanopartículas e íons carregados podem potencialmente ocorrer em lugares como os anéis uranianos e netunianos e luas geladas ao redor de planetas gigantes”, escrevem os autores. “Embora esse mecanismo possa não alterar a composição em massa do alvo impactado, ele sugere que a composição da superfície pode mudar.”