Pesquisadores da Universidade Rutgers (EUA) podem ter descoberto a origem das estruturas proteicas responsáveis pelo metabolismo. De acordo com os cientistas, o achado pode servir de ajuda para a Nasa em suas empreitadas que buscam outras formas de vida pelo espaço.
A pesquisa, desenvolvida em parceria com a própria Nasa, foi publicada no último dia 16 no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences. A ideia principal era investigar o papel das proteínas pioneiras, sem as quais a vida na Terra seria impossível.
Proteínas são conhecidas como os blocos de construção da vida, tão grande é sua importância para as células. As enzimas, um tipo específico de proteína, são essenciais para o metabolismo celular. Logo, sem elas, a vida seria impossível.
No estudo, os pesquisadores afirmam ter reconstruído a evolução das enzimas peça a peça em laboratório, permitindo um vislumbre de 3 bilhões de anos atrás, quando a primeira proteína teria surgido.
A premissa dos cientistas era de que a vida na Terra teria começado com esses pequenos blocos de construção, as proteínas, que evoluíram para peças mais complexas, como células, e culminaram em organismos complexos como os animais e plantas que observamos atualmente, multicelulares. Partindo dessa ideia, eles começaram a testar diferentes enzimas e desenhar tentativas de criar uma linha do tempo, indo das complexas proteínas atuais às simples enzimas pioneiras.
Os testes eram feitos com base nas dobraduras de cada proteína. Explica-se: proteínas possuem dobras específicas segundo as quais definem-se suas funções. Assim, uma proteína com uma dobradura X costuma ter um objetivo distinto daquela que apresenta a dobradura Y.
Ao longo de seu estudo, os pesquisadores se depararam com dois tipos de dobradura que provavelmente foram duas das mais antigas estruturas metabólicas a existir. São elas uma dobradura de ferredoxina, que se liga a compostos de ferro e enxofre, e a dobradura Rossman, que se liga a nucleotídeos (os blocos de construção do material genético, seja ele RNA ou DNA). Seriam essas, acreditam os especialistas, duas peças-chave para a compreensão do que é a vida.
De acordo com os cientistas, há suspeitas de que essas duas enzimas possuam um ancestral comum. Se essa hipótese for comprovada, esse ancestral pode ser a primeira enzima metabólica no planeta, responsável pelo pontapé inicial da vida na Terra.
Outra consequência da confirmação dessa ancestralidade se estende para além da Terra. O maior entendimento acerca do surgimento das proteínas e das fases iniciais da vida podem fornecer à Nasa uma imagem muito mais precisa daquilo que devem procurar as sondas quando partem em busca da vida extraterrestre.