O ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB), preso na Operação Manus, deixou sua residência sem algemas, escoltado por agentes federais na manhã desta terça-feira em Natal. Aliado do presidente Michel Temer, Alves foi levado sob os gritos de “ladrão” e “safado” de pessoas que aguardavam em frente ao prédio de luxo onde mora na capital do Rio Grande do Norte.
Alves foi preso pela Polícia Federal sob suspeita de receber propina para favorecer empreiteiras na construção da Arena das Dunas, estádio erguido para a Copa do Mundo, em 2014. A agência de publicidade Art&C – cujo diretor é Arturo Arruda, cunhado do peemedebista – foi alvo de buscas. Arruda foi levado para depor à força. Ele é irmão da jornalista Laurita Arruda, mulher de Henrique Alves.
O advogado Marcelo Leal, defensor do ex-ministro, não quis se pronunciar.
A Operação Manus apura crimes de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro na construção da Arena das Dunas. O sobrepreço identificado chega a 77 milhões de reais, conforme a PF.
A Justiça Federal expediu 33 mandados: cinco de prisão preventiva, seis de condução coercitiva e 22 de busca e apreensão no Rio Grande do Norte e no Paraná. Alves e outro parlamentar são suspeitos de ter recebido propina para favorecer politicamente duas grandes construtoras envolvidas na construção do estádio.
Conforme a PF, as provas foram colhidas a partir das delações premiadas no Supremo e quebras de sigilo fiscal, bancário e telefônico. “Foram identificados diversos valores recebidos como doação eleitoral oficial, entre os anos de 2012 e 2014, que na verdade consistiram em pagamento de propina. Identificou-se também que os valores supostamente doados para a campanha eleitoral em 2014 de um dos investigados foram desviados em benefício pessoal”, acusa a PF em nota.
Ex-presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves é amigo do presidente Michel Temer. Em 2014, ele perdeu as eleições para o governo do Estado. Mesmo sem cargo, mantinha-se politicamente ativo, participando de articulações em prol de Temer com deputados, políticos locais e principalmente no Nordeste. Ele foi ministro do Turismo no governo Dilma Rousseff e chegou a ser mantido por Temer no período de afastamento provisório do impeachment. Pediu demissão depois de ter sido citado na delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.