O presidente Michel Temer disse nesta quarta-feira que a sua iniciativa de deslocar as Forças Armadas para intervir em presídios é um gesto de “ousadia” e que os militares têm “credibilidade e respeito” para atuar na crise carcerária.
“Pela primeira vez tivemos diálogo com (Ministério da) Defesa e Forças Armadas sobre presídios. As Forças Armadas têm grande credibilidade e respeito e farão inspeção nos presídios”, disse Temer durante o lançamento do Programa Empreender Mais Simples: Menos Burocracia, Mais Crédito, em Brasília.
Na análise do presidente, a iniciativa, inédita, revela a “ousadia que o Brasil precisa”. De acordo com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, as Forças Armadas estarão prontas dentro de oito a dez dias para atuarem dentro dos presídios.
A estimativa é de que mil militares, divididos em 30 equipes, sejam mobilizados para as varreduras nas penitenciárias. Segundo o ministro, os militares vão atuar nos presídios para reduzir a criminalidade, não havendo risco de contaminação das Forças Armadas pelo crime organizado.
A decisão de Temer de lançar mão dos militares veio após o agravamento da crise penitenciária após a morte de 26 presos na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Região Metropolitana de Natal, no sábado. Foi o terceiro massacre de detentos do ano – antes, 56 presos haviam morrido em Manaus (AM) e outros 33 em Boa Vista (RR).
O pano de fundo das mortes é o enfrentamento entre facções criminosas que lutam pelo controle do tráfico de drogas e dos presídios, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), a Família do Norte (FDN) e o Sindicato do Crime do RN.