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Santana e Mônica pagaram cabeleireiro de Dilma com caixa dois

Em delação premiada, Mônica Moura revelou que Celso Kamura recebeu 50.000 reais entre 2010 e 2014, dinheiro recebido pelo casal 'por fora'

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 Maio 2017, 18h11 - Publicado em 11 Maio 2017, 16h43
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  • Em seu acordo de delação premiada na Operação Lava Jato, cujo conteúdo foi divulgado nesta quinta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a mulher do marqueteiro João Santana, Mônica Moura, entregou à Procuradoria-Geral da República uma lista de favores pessoais que o casal de publicitários bancava à ex-presidente Dilma Rousseff.

    Entre os agrados enumerados por Mônica, braço direito do mago das campanhas presidenciais petistas entre 2006 e 2014, está o custeio, com dinheiro de caixa dois, dos serviços do requisitado cabeleireiro Celso Kamura à petista em períodos não eleitorais, quando ela já era presidente da República.

    De acordo com a delatora, Kamura começou a prestar serviços a Dilma na campanha de 2010, quando “recebia de forma legal, com nota oficial”.

    “Entretanto, depois da campanha, já presidente, Dilma Rousseff usava seus serviços, para eventos importantes, e o Palácio não poderia arcar com um valor tão alto para o cabeleireiro, não tinha rubrica e nem tempo para superar a burocracia”, relatou Mônica Moura, que revelou aos investigadores que cada diária do cabeleireiro no Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência, custava 1.500 reais.

    A delatora também explicou como o dinheiro não declarado chegava a Celso Kamura. “Mônica Moura então pagou o cabeleireiro diversas vezes, durante os anos de 2010 a 2014, de várias formas: na maioria das vezes em dinheiro entregue em espécie no escritório do cabeleireiro em SP, por um funcionário de Mônica Moura, utilizando valores recebidos por fora; outras vezes reembolsava a assessora da presidente, Marly, através de depósitos bancários”.

    Durante os quatro anos em que cuidou do cabelo de Dilma Rousseff, o cabeleireiro recebeu, de acordo com a mulher de João Santana, 50.000 reais do casal. Em suas declarações à PGR, Mônica relatou que o seu funcionário responsável pelas entregas de dinheiro a Celso Kamura também vai aderir à delação premiada e “irá confirmar os pagamentos realizados em dinheiro”.

    Como provas do favor à ex-presidente, Mônica Moura entregou aos investigadores bilhetes aéreos emitidos em nome do cabeleireiro que partiam de São Paulo e Rio de Janeiro a Brasília.

    Outros favores

    Além de bancarem com dinheiro não declarado os serviços de Celso Kamura, João Santana e Mônica Moura também utilizaram o caixa dois para fazer outros agrados à presidente.

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    O criador da página “Dilma Bolada” no Facebook, Jefferson Monteiro, recebeu 200.000 reais em dinheiro vivo de um emissário de Mônica durante a campanha de 2014. Ele havia desativado a página, o que deixou Dilma “furiosa”, segundo a delatora, mas voltou atrás e ressuscitou a personagem depois de receber o dinheiro.

    O casal também gastou 40.000 reais com os serviços de uma mulher que fazia as vezes de camareira, cabeleireira e maquiadora particular de Dilma durante o ano de 2010. Segundo a delação de Mônica Moura, o valor foi dividido em parcelas de 4.000 reais, entregues em espécie à funcionária.

    Outro favor bancado por Santana e Mônica à ex-presidente com dinheiro de caixa dois de campanha foi o pagamento, em períodos não eleitorais, dos três operadores de teleprompter preferidos de Dilma: Flávio Votmannsberger, Yetor Votmannsberger e Rafael Votmannsberger. Segundo a delatora, eles cobravam 1.500 reais por dia para acompanhar a petista em alguns deslocamentos e “até em viagens internacionais como, por exemplo, na reunião da ONU”. Os Votmannsberger receberam, de acordo com a mulher de João Santana, valores superiores a 100.000 reais.

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