Diretor de relações institucionais do grupo J&F, que entre outras empresas controla a JBS, Ricardo Saud reclamou da falta de apoio do presidente Michel Temer para o grupo empresarial. Nos governos do PT, a J&F conseguiu empréstimos do BNDES que somam mais de 8 bilhões de reais. A gravação foi feita em abril. Saud teve uma longa reunião com Frederico Pacheco, primo do senador Aécio Neves (PSDB-MG)
Saud diz a Frederico que em 2014 Joesley Batista não queria mais Dilma Rousseff como presidente da República e esperava que Aécio Neves ganhasse a eleição. Joesley, segundo o executivo, também não esperava que Michel Temer assumisse a Presidência após o impeachment de Dilma. Fred pergunta se Temer não tem sido leal À J&F. “É um f.d.p.”, diz Saud, referindo-se a Temer. O executivo recorre a uma citação de Tancredo Neves para reclamar da “ingratidão” do Presidente.
Ambos abordam também o tema da corrupção. Frederico pergunta Saud se os executivos das empresas que pagam propinas para políticos não acabaram roubando das próprias empresas. Saud ensina algumas técnicas: “Eu nunca mandava o mesmo cara entregar, sempre trocava os cara, eu entregava muito, eu pessoalmente… (…) Como (quando) era conhecido, tudo bem, quando não era conhecido, não. E outra coisa, eu dava uma senha. Fulano: ‘tô mandando tanto aí’”.
Saud fala sobre as buscas da Polícia Federal nas casas de Joesley Batista e Wesley Batista, os donos do grupo J&F. “O Joesley deu sorte. As três vezes ele não estava em casa”, diz Saud. O executivo diz que os policiais chegam às seis da manhã. “Vou sair de casa todo dia às cinco, agora”, diz Fred. Se não der nada, eu volto para o café”. Saud diz que já adotou essa medida, para evitar a polícia. “Eu todo dia vou às cinco e meia para a academia, fora. Aí eu volto às seis e meia para tomar café”.