Tudo remete a uma lógica de guerra nas palavras do general Augusto Heleno sobre o embate entre Executivo e Legislativo em torno do Orçamento impositivo.
Abstenho-me de comentar um termo de baixa-caserna usado pelo militar para me ater ao conteúdo em que o chefe do gabinete de Segurança Institucional fala em “convocação” do povo às ruas, em “rendição” do governo ao Congresso, em “chantagem” por parte dos congressistas, além de aconselhar o presidente Jair Bolsonaro a não ficar “acuado” diante do Parlamento.
Tanto o presidente quanto o general demonstram não compreender o significado de harmonia e equivalência entre os Poderes da República. O primeiro ao acreditar que poderia achincalhar o Congresso sem sofrer as consequências disso e o segundo ao imaginar que o Legislativo deve submissão ao Executivo.
Se Jair Bolsonaro não tivesse feito do Parlamento uma das ferramentas para o exercício de seu populismo talvez não tivesse perdido o controle sobre a execução das emendas parlamentares no Orçamento da União. Tocar as relações entre Poderes com harmonia não significa necessariamente recorrer a ilegalidades e/ou imoralidades. Bolsonaro não compreende isso e, por isso, está vendo que custa um alto preço.