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‘PSDB não é Madame Bovary’, diz chanceler sobre abandonar Temer

Em Washington, Aloysio Nunes Ferreira ressaltou apoio de tucanos ao governo. Temer vai a São Paulo para encontro com o governador Geraldo Alckmin

Por Da redação
Atualizado em 2 jun 2017, 18h21 - Publicado em 2 jun 2017, 18h19
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  • Durante sua passagem por Washington o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira voltou a afirmar nesta sexta-feira que não acredita que seu partido, o PSDB, deixará o governo do presidente Michel Temer, abalado pelas delações da JBS às vésperas do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode cassar a chapa Dilma-Temer. Se ontem o chanceler afirmou que “[O PSDB], na sua linha dominante, é um partido que está no governo, que apoia o governo e que sustentará o governo”, Nunes Ferreira preferiu hoje uma comparação literária.

    “O PSDB tem compromissos com o governo e com o programa de governo. E o PSDB não é Madame Bovary“, declarou, em alusão ao romance francês do século 19 de Gustave Flaubert em que a personagem Emma Bovary trai o marido.

    Além de Aloysio Nunes Ferreira, o PSDB tem na gestão Temer outros três ministros – Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo), Luislinda Valois (Direitos Humanos) e Bruno Araújo (Cidades).

    Sobre as denúncias contra o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), o ministro disse que vê a situação com muita tristeza, mas que a situação será decidida pelos tribunais. Quando questionado sobre a possibilidade de aprovação das reformas do governo, o ministro afirmou que “o Congresso brasileiro está funcionando e o presidente Temer tem maioria no Congresso, e uma maioria ativa que está dando resultados”, e completou: “todos os países que se engajaram em reforma da Previdência tiveram dificuldades enormes em aprová-las, inclusive o Brasil”.

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    PSDB dividido

    Apesar do discurso do ministro em Washington, o PSDB ainda não sabe o que fazer em relação ao governo Temer – há quem defenda o desembarque, há quem pregue a permanência, há quem advoga a entrega de cargos sem deixar de dar apoio no Congresso e há até quem pense em uma saída negociada para a renúncia de Temer.

    Os diretórios estaduais do Rio e do Rio Grande do Sul já aprovaram o desembarque do governo. Outro foco de resistência a continuar no governo está em São Paulo. O presidente do diretório paulista, Pedro Tobias, aliado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), convocou uma reunião aberta a todos os filiados na segunda-feira, para discutir a questão.

    “Não pode mais reunião de cinco ou seis decidir para onde vai o partido”, disse o dirigente ao jornal Valor Econômico. Nos últimos dias, têm ocorrido encontros entre caciques do partido, como o próprio Alckmin, o senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para discutir o cenário político e o apoio a Temer.

    Temer vai a Alckmin

    Embora tenha ouvido de Jereissati e FHC apoio do PSDB ao governo, Temer viu crescer nesta semana a pressão entre o tucanato, a ponto de levar o senador cearense a agendar para terça-feira, mesmo dia do julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE, reunião para a tomada de decisão sobre romper ou não com o Planalto.

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    Preocupado com as intensas movimentações de parlamentares tucanos, principalmente da ala mais jovem do partido, que prega o rompimento com o governo, o presidente desembarca nesta sexta-feira em São Paulo para reunião com Geraldo Alckmin, que deve ser nesta noite ou no final de semana.

    Diante das reuniões de tucanos paulistas na segunda-feira e do encontro convocado por Tasso Jereissati na terça, o presidente foi aconselhado a marcar um jantar com o governador, o mais rápido possível, para que Alckmin tenha tempo, durante o fim de semana, de articular junto com seus correligionários a permanência no apoio ao Planalto. Temer está convencido de que o governador poderá ajudar a estancar a possível sangria entre tucanos paulistas e tucanos mais jovens.

    (com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)

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