Os moradores da Ilha de Paquetá, localizada na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, resolveram se insurgir contra as mudanças nos horários do principal meio de transporte do local, as barcas. Previsto para ser aplicado a partir desta sexta-feira 25, o novo cronograma foi apresentado pela empresa responsável pelo serviço, a CCR Barcas, que conseguiu autorização na Justiça, e passou por ajustes da Secretaria Estadual de Transporte. As alterações vão acabar por reduzir o número de viagens. Moradores do bairro protestaram na manhã desta terça-feira 21, em frente ao Palácio Guanabara, que abriga o governador Wilson Witzel.
Um abaixo-assinado virtual organizado pelos moradores da ilha tenta sensibilizar as autoridades para reverter a decisão judicial. A principal preocupação é com o turismo, motor da economia local. Até famosos se sensibilizaram com a situação, como o cantor Chico Buarque, que disse em vídeo publicado em suas redes que concessionária CCR não era conhecida pela qualidade dos seus serviços. “Nos fins de semana, quando o turismo é grande na ilha, resolveram diminuir pela metade o número de viagens, com a diferença de até 5 horas de diferença uma para a outra. É preciso reverter essa situação”, defendeu Chico. Outro que se manifestou pelas redes foi Dom Orani Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro, e o ator global Humberto Carrão, ambos em prol da manutenção do atual fluxo das barcas.
Na terça-feira 21, representantes da Associação de Moradores de Paquetá foram recebidos por integrantes do governo. Em vídeo na página “Respeita Paquetá”, a diretora da associação, Ialê Falleiros, contou: “Foi uma reunião para falarmos quais são os problemas que serão gerados a partir desta nova grade”. De acordo com a Secretaria de Transporte, ficou acordado que as sugestões dos moradores serão levadas aos secretários de Transportes e da Casa Civil e que, até a próxima sexta-feira 24, ocorrerá nova reunião para dar prosseguimento à discussão.
Em entrevista a VEJA, o secretário da pasta dos Transportes, Delmo Manoel Pinho, disse que a concessionária CCR Barcas acumula prejuízo há 22 anos, desde que assumiu a concessão. “Em 2012, 120 000 pessoas usavam as barcas. Hoje são 60 000, uma redução de 50% da demanda. Eles precisavam redimensionar a operação”, explicou o secretário. Pelo andar da carruagem, a ilhota ainda vai dar o que falar.