A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) afirmou nesta terça-feira, 17, que subiu para 517 o número de presos recapturados pela Polícia Militar após rebeliões em quatro penitenciárias paulistas. Os motins foram motivados pela proibição do governo à saída de detentos do regime semiaberto em razão do avanço do coronavírus.
“O Grupo de Intervenção Rápida controlou a situação nos presídios de forma imediata. Até às 10h00 desta terça-feira (17), 517 presos foram recapturados pela Polícia Militar com apoio de agentes de segurança penitenciária. A SAP realiza a contagem para determinar o número exato de fugitivos”, diz a secretaria em nota.
As rebeliões ocorrem nos Centros de Progressão Penitenciária de Mongaguá (Baixada Santisa), Tremembé e Porto Feliz, além da ala de semiaberto da Penitenciária II de Mirandópolis (interior de São Paulo). As unidades rebeladas são destinadas a quem cumpre pena no regime semiaberto – ou seja, tem direito a seis “saidinhas” por ano. Os presos ficaram sabendo na segunda-feira 16 que não poderiam ser liberados nesta terça-feira para a saída de Páscoa, antecipada por algumas penitenciárias neste ano.
O veto foi decidido pela Justiça de São Paulo, a pedido do governo do estado, como medida para conter o avanço do coronavírus. “A medida foi necessária, pois o benefício contemplaria mais de 34 mil sentenciados do regime semiaberto que, retornando ao cárcere, teriam elevado potencial para instalar e propagar o coronavírus em uma população vulnerável, gerando riscos à saúde de servidores e de custodiados”, afirma a secretaria.
Os presos souberam da mudança hoje e iniciaram os tumultos. “Muitos já estavam preparados para sair e ficaram revoltados”, disse Antônio Ramos, presidente do sindicato dos agentes de escolta e vigilância de São Paulo. “Imagine quando o governo proibir as visitas, o que já aconteceu em outros estados”, afirmou Fabio Jabá, presidente do sindicato dos funcionários do sistema prisional de São Paulo.
Parte dos presídios que entraram em rebelião são dominados por integrantes de facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC). “Nada quebra sem as ordens deles”, disse Jabá.
Embora a SAP não confirme o número de detentos que tenham fugido das penitenciárias, fontes ligadas ao sistema prisional dão conta de que ao menos 1.000 presos fugiram dos quatro presídios. Há ainda relatos, não confirmados pela secretaria, de que detentos das cadeias de Irapuru, Taubaté (interior) e Franco da Rocha (Região Metropolitana) também estão em rebelião.