Preso na Operação Catarata nesta sexta-feira, 11, o secretário estadual de Educação do Rio de Janeiro, Pedro Fernandes, deve ser exonerado do cargo. A expectativa é de que a decisão seja anunciada ainda hoje pelo governador em exercício Cláudio Castro, segundo apurou VEJA. Castro já chegou de Brasília e está em reunião. No momento da prisão, Fernandes apresentou exame positivo para Covid-19. Por isso, ele ficará detido em casa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da capital, por nove dias, ou seja, até o próximo dia 20. Depois, irá para a cadeia. Fernandes é apontado pelo Ministério Público estadual como chefe da organização criminosa que desviava dinheiro público da Fundação Leão XIII, órgão estadual, quando era secretário nas gestões de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão. Ele nega.
No governo Wilson Witzel, Pedro Fernandes foi nomeado secretário estadual de Educação depois que apoiou o então candidato do PSC no segundo turno das eleições de 2018. Fernandes também era um dos candidatos, mas ficou em quinto lugar na disputa. Após a aliança com Witzel, ele se tornou um dos marqueteiros da campanha do ex-juiz federal, afastado do Palácio Guanabara recentemente por suspeitas de corrupção na área da Saúde.
Na esfera estadual, Pedro Fernandes ocupou as pastas de Assistência Social e Direitos Humanos, no governo Cabral, e de Ciência, Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Social, na administração de Pezão. A prisão dele mira as ações quando secretário de Cabral e Pezão. Segundo a força-tarefa, Fernandes recebia propina de 20% dos valores dos contratos fraudados na Fundação Estadual Leão XIII em dinheiro vivo. A entidade era vinculada à pasta de Pedro Fernandes. A primeira fase da Operação Catarata ocorreu em 30 de julho. Sete suspeitos foram presos. A Leão XIII é subordinada atualmente à Secretaria estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos e atende a população de baixa renda e em situação de rua com serviços que inclui exames de vista, distribuição de óculos e realização de cirurgias oftalmológicas.
No governo do Rio, Pedro Fernandes se aproximou do advogado Lucas Tristão, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico e todo-poderoso na gestão de Witzel. Na decisão que afastou o governador, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Benedito Gonçalves, afirmou que Fernandes faz parte também da organização criminosa do empresário Mário Peixoto, principal fornecedor de mão-de-obra do Palácio Guanabara e amigo de Tristão. Os dois estão presos.
Ex-deputado estadual, Pedro Fernandes também é ligado a João Marcos Borges Mattos, outro preso nesta sexta-feira na Operação Catarata. Ele é ex-presidente da Fundação Leão XIII e ex-subsecretário executivo de Educação. Segundo os promotores da força-tarefa, João é dono da Quali Clínica Gestão e Serviços em Saúde, empresa apontada pelo MP de ter recebido 102 mil reais do escritório de advocacia da primeira-dama Helena Witzel, sem ter prestado serviço, no esquema de corrupção da gestão Witzel, apontou o MP.