Solto pela Justiça nesta quarta-feira, Diego Ferreira de Novais, que foi preso em flagrante após ejacular em uma jovem no ônibus, tem 15 passagens pela polícia, registradas nos últimos oito anos.
De acordo com os registros policiais, o ajudante-geral age sempre da mesma forma: dentro do ônibus, ele se aproxima da vítima, mostra o pênis e, eventualmente passa o órgão nela ou ejacula.
A história da universitária G., de 24 anos, que relata ter sido assediada em março deste ano por Diego, na Avenida Paulista, se destaca: a jovem e seu agressor foram ao Juizado Especial Criminal na segunda-feira para depor, um dia antes de ele fazer o mesmo com outra mulher.
G. conta que estava voltando da faculdade por volta das 20h em um ônibus ‘não tão cheio’ quando se sentou ao lado do rapaz : “Eu lia, ironicamente, ‘As Boas Mulheres da China’, que fala da violência contra as chinesas. Reparei que ele estava sentado mais à frente e, perto de uma parada, se levantou e ficou em pé do meu lado, com uma mochila na frente. Lembro que eu estava de decote e não fiquei confortável com ele ali e até coloquei o livro no colo, com medo de que estivesse olhando”.
“Fiquei olhando para a janela, mas de repente senti uma coisa no meu ombro, no meu braço. Olhei e ele estava passando o pênis em mim”, diz.
Surpreendida e constrangida, a universitária afirma que não reagiu de imediato. “Fiquei em choque, não consegui gritar. Fui correndo falar para o motorista que fui assediada, para fechar as portas e chamar a polícia”.
Segundo G., o rapaz forçou a porta do ônibus e fugiu com as calças desabotoadas, mas não foi muito longe.
“As pessoas começaram a gritar: ‘segura ele’, ‘estuprador’. Acho que dei ‘sorte’ por ser na Paulista, em um horário cheio de gente, porque talvez se fosse tarde da noite as pessoas não estariam dispostas a ajudar. Formou uma ‘muvuca’. Fiquei com medo de linchamento, porque estavam todos muito bravos. Não bateram, porque eu pedi. Sou contra essas coisas, acho que é vingança, não justiça”.
A mulher conta que, depois da situação em que foi submetida, chorou, sentiu repulsa e raiva, mas que foi apoiada por outra passageira, que a acompanhou até delegacia e permaneceu ao seu lado.
“Fui ajudada por uma moça que estava no ônibus e ficou comigo até o fim do dia na delegacia. Ela tem mais ou menos minha idade e também já foi assediada uma vez. Fizeram a mesma coisa em um trem e ninguém a ajudou, naquele momento, só pensava que aquilo não poderia acontecer de novo com outra mulher”, desabafa.
O pai de Diego defendeu a prisão do filho. “É perigoso que uma pessoa dessa fique solta, e o delito que ele pratica não é justo”, disse o aposentado de 65 anos, que preferiu não se identificar ao ser entrevistado pelo Jornal do SBT.
(Com Estadão Conteúdo)