A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) deflagraram, na manhã desta terça-feira, 30, a Operação Tânatos, que mira denunciados por chefiar o Escritório do Crime. A ação é um desdobramento da investigação que apura o assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018.
O Escritório do Crime é um grupo formado por policiais, ex-policiais e milicianos e investigado por uma série de homicídios. De acordo com o Ministério Público do Rio, os investigados tinham relação com o ex-capitão do Bope, Adriano Magalhães da Nóbrega, morto em fevereiro deste ano, em Esplanada, no interior da Bahia, em um confronto com a polícia.
Foram expedidos quatros mandados de prisão e 20 de busca e apreensão pelo juiz Bruno Rulière, da 1ª Vara Criminal Especializada do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). Dois dos alvos, os irmãos Leandro (Tonhão) e Leonardo Gouvêa da Silva (Mad), foram presos. Segundo os investigadores, Mad assumiu o Escritório do Crime após a morte de Adriano.
A operação é resultante de três denúncias apresentadas pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO), do MPRJ, que descrevem os crimes cometidos pelo Escritório do Crime. “Numa das denúncias apresentadas, descreve o MPRJ que na atuação do grupo criminoso há emprego ostensivo de armas de fogo de grosso calibre. A agressividade e destreza nas ações finais revelam um padrão de execução. Fortemente armados e com trajes que impedem identificação visual, tais como balaclava e roupas camufladas, os atiradores desembarcam do veículo e progridem até o alvo executando-o sem chances de defesa”, diz a nota divulgada pelo Ministério Público do Rio.
Os irmãos Leonardo Gouvea da Silva, o Mad, e Leandro Gouvea da Silva, o Tonhão, jogavam bola com o miliciano Adriano da Nóbrega em Quintino, Zona Norte do Rio, durante a infância. Com a morte de Adriano, em fevereiro deste ano, Mad assumiu a liderança do Escritório do Crime. Tonhão, por sua vez, se tornou braço-direito de Mad e também motorista da quadrilha.
Mad chegou a prestar depoimento no caso do assassinato de Marielle e Anderson. Mad é citado em interceptações telefônicas da Operação Intocáveis, que teve Adriano e outros integrantes do Escritório do Crime como alvos principais. Em uma das escutas, Jorge Alberto Moreth, o Beto Bomba, ex-presidente da Associação de Moradores do bairro, diz ao vereador Marcelo Siciliano que Mad foi contratado por Domingos Brazão, ex-deputado e conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), para matar a parlamentar. Brazão sempre negou a autoria dos homicídios.