A Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público Federal, deflagrou nesta quinta-feira (8) a Operação Fada Madrinha, para repressão ao tráfico internacional de pessoas e ao trabalho escravo.
A investigação teve início em novembro de 2017, quando a Polícia Federal recebeu informações de que transexuais estavam sendo aliciadas pelas redes sociais com promessas da realização de procedimentos cirúrgicos para a transformação facial e corporal e da participação em concursos de misses na Itália.
As investigações apontam que as vítimas, ao chegarem à cidade de Franca, em busca das promessas, eram submetidas a exploração sexual e a condições análogas à escravidão, sendo obrigadas a adquirir itens diversos dos investigados (roupas, perucas e sapatos, por exemplo), o que as levava a um ciclo de endividamento.
Os investigados aplicavam silicone industrial no corpo das vítimas e as encaminhavam para clínicas médicas para implante de próteses mamárias. Há indícios de que as próteses utilizadas eram provenientes de reuso.
As vítimas consideradas mais bonitas e promissoras eram enviadas à Itália para a participação em concursos de miss. Como tudo era pago pelos investigados, as vítimas aumentavam o endividamento. Uma vez na Europa, ainda conforme as investigações, elas eram eram novamente submetidas à exploração sexual para o pagamento de suas dívidas com o grupo.
A PF também apurou que um esquema semelhante ao de Franca estava instalado em Goiás e Minas Gerais e que havia uma parceria comercial entre os investigados, mediante o “intercâmbio” de vítimas.
Os investigados responderão pelos crimes de tráfico internacional de pessoas, redução a condição análoga à de escravo, associação criminosa, rufianismo e exercício ilegal da medicina. Se condenados, as penas podem ultrapassar 25 anos de reclusão.
Ao todo, 52 policiais federais cumprem cinco mandados de prisão preventiva oito de busca e apreensão nas cidades de Franca (SP), São Paulo (SP), Goiânia (GO), Aparecida de Goiânia (GO), Jataí (GO), Rio Verde (GO) e Leopoldina (MG). As ordens foram emitidas pela 2ª Vara Federal de Franca, no interior paulista.
A operação teve acompanhamento de representantes do Ministério do Trabalho e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que ficarão responsáveis por medidas protetivas às vítimas.