Os quatro tiros que atingiram a cabeça da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) na quarta-feira, 14, abriram comportas certamente inesperadas pelos mandantes da execução brutal. Uma delas é a enorme dimensão do clamor popular, que se espalhou pelo Brasil e chegou a grandes cidades dos Estados Unidos e da Europa. O jornal The Washington Post, em reportagem publicada na capa, chamou Marielle de “símbolo global”. Outra comporta escancara um segredo de Polichinelo no mapa da bandidagem no estado do Rio: a presença cada vez mais imperiosa de grupos de milícias na vida dos moradores de favelas e bairros — quadrilhas que aprenderem a se mover nas sombras e a tirar partido dos limites difusos entre o legal e o ilegal. Uma das linhas de investigação da polícia apura justamente a ação dessas gangues na morte da parlamentar.
Dados de 2013, os últimos disponíveis, mostram que o tráfico de drogas, inimigo descarado e conhecido, controla 55% dos morros cariocas. Os outros 45% estão na mão dos milicianos. Estima-se que um contingente de 2 milhões de pessoas viva submetido a abusos, extorsão e terror na região metropolitana (aqui, um parêntese trágico: quase não há mais territórios neutros na cidade, sem a presença de bandos armados). Apesar da escassez estatística, polícia e estudiosos não têm dúvida: dentro dos limites do Grande Rio, as milícias controlam mais favelas do que as quadrilhas de traficantes. Na lógica deste Rio fora da lei, os traficantes ficam de certa forma enfraquecidos pela briga de foice entre facções. Reportagem de VEJA desta semana mostra como essas quadrilhas passaram a agir nos últimos anos, firmando acordos com traficantes e aperfeiçoando os “negócios” que aumentam sua força econômica.
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