Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Novo acordo encerra ação de R$ 20 bilhões por tragédia de Mariana

Samarco, Vale e BHP não colocarão mais recursos para recuperação ambiental, mas permitirão que atingidos participem da definição de medidas a ser adotadas

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 26 jun 2018, 17h50 - Publicado em 26 jun 2018, 16h42
  • Seguir materia Seguindo materia
  • No último dia do prazo, a mineradora Samarco e as autoridades conseguiram firmar um novo acordo para reparação dos danos causados pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015. O acidente, a maior tragédia ambiental do Brasil, deixou dezenove mortos, centenas de desabrigados e poluiu o Rio Doce.

    O novo pacto extingue uma ação civil pública de 20 bilhões de reais e suspende a tramitação de outra, de 155 bilhões de reais, movida contra a empresa e as controladoras, os gigantes Vale e o anglo-australiano BHP Billiton. O acerto é válido até o cumprimento de todas as medidas exigidas ou repactuação dos programas. Entretanto, o acordo em nada afeta o processo criminal do Ministério Público Federal contra 22 pessoas, entre elas, funcionários da Vale, Samarco e BHP Billiton, acusados de homicídio — os envolvidos negam crimes.

    Para chegarem a um acerto, o juiz da 12ª Vara da Justiça Federal de Belo Horizonte precisou prorrogar o prazo cinco vezes. Na nova versão, Samarco, Vale e BHP não se comprometem a colocar mais recursos, mas abrem espaço para que os atingidos e o próprio poder público participem da definição das medidas a ser adotadas. O acordo é, na verdade, uma repactuação do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado cerca de quatro meses após o acidente, em março de 2016.

    “O acordo é importante pois demonstra convergência de interesses entre as partes, Vale, BHP Brasil, Samarco, Ministério Público, Advocacias Públicas e Defensorias Públicas, representando um avanço adicional para os atingidos, pois consolida e amplia o alcance das ações que já vinham sendo implementadas pela Fundação Renova”, comentou Fabio Schvartsman, presidente da Vale.

    “Há uma grande parte da ação civil pública, diria quase a totalidade, que terá o seu curso. Que poderá até, se a gente chegar a uma repactuação, ser extinta em quase a sua totalidade. Porque tem coisas na ação civil pública que não são objeto de transação, de acordo”, disse o procurador do Ministério Público Federal de Minas (MPF), José Adércio Leite Sampaio. De acordo com ele, a análise sobre a repactuação deverá ocorrer dentro de dois anos.

    Continua após a publicidade

    Atingidos

    O advogado-geral do Estado, Onofre Alves Batista Júnior, afirma que o acordo “foi melhorado em muito”, sobretudo sob o ponto de vista técnico. “Ele contempla aspectos que no primeiro Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC) se teve dificuldade de contemplar”, disse. “Grande parte da crítica era a ausência de participação da população atingida”, afirma a promotora Andressa Lanchotti, do Ministério Público de Minas Gerais.

    A expectativa das três companhias é destravar a execução dos 42 programas acordados inicialmente, que vêm enfrentando diversas restrições. A Fundação Renova, criada para gerenciar as ações de reparação, continua à frente das ações, mas terá uma nova governança, com nove membros em seu conselho curador: dois representantes dos atingidos e um do poder público, além dos seis das empresas. Além disso, são criadas duas novas instâncias de discussão — um conselho inter-federativo e 39 Comissões Regionais — para dar voz às vítimas do acidente e ampliar os mecanismos de controle.

    Com isso, os pedidos dos atingidos terão de ser formulados, alinhados e arbitrados nas várias instâncias e ainda passarão pelo crivo de três consultorias. Lactec e Ramboll, que já haviam sido contratadas por exigência do Ministério Público, continuarão avaliando impactos e a execução dos programas, respectivamente. A Fundação Getulio Vargas (FGV) foi incorporada por indicação das empresas para monitorar a gestão da governança. “A expectativa é que, com o apoio das consultorias, as decisões sejam tomadas por critérios mais técnicos do que políticos”, disse uma fonte que acompanhou a negociação.

    Mas o novo acordo já é alvo de críticas por parte das famílias. O coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Joceli Andrioli, disse que as perícias técnicas já feitas para avaliação dos danos estão “comprometidas” por influência das empresas. “A participação é um direito, e não concessão. Neste momento o que estamos vendo são os atingidos com participação minoritária, ou seja, provavelmente serão usados para legitimação de um processo. É um crime que continuará impune”, disse.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.