O navio encalhado a 100 quilômetros do litoral maranhense, carregado com 295.000 toneladas de minério, passará por uma operação de retirada de combustível e, depois, de parte do minério, antes de ser rebocado. Além da carga, a embarcação está abastecida com cerca de 3.500 toneladas de combustível (os tanques de óleo não foram atingidos e permanecem íntegros).
O MV Stellar Banner, que pertence à empresa sul-coreana Polaris Shipping, é um gigante do mar. Mede 340 metros de comprimento por 55 largura e tem capacidade de transportar 300.000 toneladas de carga. Ele sofreu uma avaria no casco na noite de 24 de fevereiro, logo depois de deixar o terminal da mineradora Vale, no Porto de Itaqui, em São Luís, com direção à China. O comandante decidiu realizar a manobra de encalhe sobre um banco de areia propositalmente, para não afundar. Aparentemente, a avaria atingiu os tanques de lastro, que fazem a embarcação flutuar.
De acordo com o Ibama, a embarcação permanece estável e deve permanecer assim. “Ele ‘deitou o corpo inteiro’ sobre o banco de areia, ou seja, está totalmente apoiado, o que reduz a chance de movimentação”, afirma Marcelo Amorim, coordenador geral substituto de Emergências Ambientais do Ibama.
A operação de retirada de combustível do Stella Banner está prevista para ocorrer daqui a 10 dias, pelo menos. O objetivo é fazer a transferência (de um navio para outro) em uma ou duas etapas, no máximo, para reduzir riscos de vazamento. Trata-se de um processo corriqueiro feito em plataformas de petróleo marítimas, mas é preciso contar com várias equipes de contingência, para o caso de um vazamento durante a transferência. Além da chegada do navio que receberá o combustível, outras embarcações de apoio ficam de prontidão para agir em caso de vazamento.
O Ibama não detectou novas manchas de óleo, como a registrada ao redor do navio na sexta-feira, 27 (a aeronave do órgão — equipada com sensores capazes de detectar óleo invisível a olho nu –, registrou 333 litros de óleo na água). “A mancha se dissipou completamente, o que confirma a tese de que não se tratava de vazamento de combustível, mas de óleo residual, que provavelmente estava no convés e caiu na água, quando o navio adernou”, afirmou Amorim. O Stellar Banner está inclinado em 22 graus desde que encalhou.
Ainda não se sabe a causa das avarias nem exatamente suas dimensões. Uma equipe de mergulho realizou duas inspeções in loco, uma no domingo e outra hoje, mas os relatórios ainda não foram concluídos. O que se sabe é que não há possibilidade de recuperar a embarcação no local.
Após a retirada do combustível, a Polaris iniciará a transferência de parte da carga. A operação é delicada porque, aí, sim, mexe com a estabilidade do navio, e requer outras equipes de contingência e de apoio no mar, para atuar em caso de vazamento de minério.