Uma embarcação com militares brasileiros que estão no Líbano a serviço de uma missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) escapou por pouco de sofrer danos fatais na explosão que atingiu o porto de Beirute na terça-feira, 04. Em um áudio divulgado nas redes sociais, o capitão de mar e guerra Mauro Seco, que lidera a missão, afirmou que a fragata da Marinha havia deixado o local oito horas antes para realizar uma patrulha em alto mar. Mesmo a 13 quilômetros de distância do local onde foi o epicentro do acidente, os tripulantes sentiram tamanho impacto que pensaram que o navio havia se chocado com outro.
“A fragata brasileira está bem, não sofreu danos. A tripulação também está bem. Nós não fomos atingidos de forma fatal por uma diferença de oito horas entre nós sairmos do porto e a explosão”, afirmou Seco no áudio, cuja autoria foi confirmada por VEJA. “Sentimos a onda de choque quando ocorreu. O navio de quase três toneladas estremeceu. Pensamos que tinha acontecido uma colisão com outra embarcação, mas vimos a cortina de fumaça no porto e já nos deslocamos para lá porque as notícias começaram a chegar.”
Segundo Seco, uma corveta com militares de Bangladesh estava ancorada no porto e foi atingida pela explosão. O navio foi totalmente destruído e 40 tripulantes ficaram feridos, sendo dez em estado grave. Seco afirmou que os brasileiros conseguiram retornar a tempo de auxiliar no resgate dos companheiros que atuam na missão de paz.
“Infelizmente, temos muitos mortos e feridos”, declarou o capitão. “A cidade sofreu danos. Os vidros dos prédios explodiram, as pessoas se machucaram porque os cacos entraram no rosto das pessoas que estavam em casa ou nas ruas.”
O último balanço da Cruz Vermelha do Líbano informa que mais de 100 pessoas morreram na explosão. O número de feridos ultrapassa 4.000 e o de desabrigados pode chegar a 300.000 pessoas. A zona portuária da cidade foi destruída por completo, com danos estimados pelo governo local em 3 bilhões de dólares (quase 16 bilhões de reais).
Por meio de um comunicado, o Ministério da Defesa do Brasil informou que há uma brasileira entre os feridos na explosão. Ele se machucou de forma leve ao ser atingida pelos cacos de vidro de uma janela. O governo libanês acredita que a explosão foi causada por 2.750 toneladas de nitrato de amônio que estavam estocadas há seis anos sem os devidos cuidados na região portuária.