O desespero de alguns candidatos para tentar vencer o segundo turno pode ser medido pelo volume de despesas contratadas, que superam o montante de doações eleitorais recebidas. Há casos em que esse volume de dinheiro gasto supera em mais de 100% o volume de recursos disponível. Esta matemática, após as eleições, muitas vezes termina em processos de credores na Justiça, na tentativa de receber os débitos.
Um dos casos mais flagrantes do “vale tudo financeiro” na reta final da campanha está no Rio de Janeiro. O prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) recebeu 2,81 milhões de reais em doações, mas já tem despesas contratadas no valor de 4,85 milhões de reais, 72% a mais. Seu concorrente e líder nas pesquisas, Eduardo Paes (DEM), recebeu 9,41 milhões de reais em doações, mas gastou bem menos, com despesas de 6,28 milhões de reais.
Em Cuiabá, o candidato Emanuel Pinheiro (MDB), que é o prefeito da cidade e concorre à reeleição, recebeu doações de 2,2 milhões de reais, mas até agora já contratou despesas de 5,3 milhões de reais, 140% a mais. Pesquisa Ibope divulgada nesta sexta-feira mostrou que Emanuel subiu 5 pontos e empatou com o concorrente, Abílio Júnior (Podemos).
Em Boa Vista (RR), o candidato Ottaci Nascimento (Solidariedade) recebeu doações de 1,1 milhão de reais, mas já obteve despesas de 1,3 milhão de reais. Na pesquisa Ibope desta semana, Ottaci apareceu com apenas 21% dos votos. Seu concorrente, Arhur Henrique (MDB), estava com 79% dos votos.
Em São Paulo, Bruno Covas (PSDB) recebeu 19,2 milhões de reais em doações e gastou 19,4 milhões de reais, 220 mil reais a mais. Mas a campanha de Bruno Covas tem recebido muitas doações de última hora. O candidato Guilherme Boulos recebeu 6,36 milhões de reais em doações, mas só contratou até a manhã deste domingo despesas de 3,4 milhões de reais.