No início do ano, Jair Bolsonaro foi consultado pelos caciques do PL e do PP do Paraná sobre quem ele apoiaria nas eleições das principais cidades do Estado. Em Foz do Iguaçu, onde o ex-presidente teve o dobro dos votos de Lula em 2022, o nome apresentado pelos aliados tinha sido o do ex-ministro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna. “Esse aí, não”, teria dito Bolsonaro, conforme relato do deputado Nelsi Vermelho (PL-PR), que participou da reunião com ele em Brasília.
O ex-presidente teria sido ainda mais incisivo ao explicar o veto ao general que comandou a Petrobras até 2022: “’Ele, quando estava na Petrobras, só me prejudicou. Ganhava um salário de 240 mil reais por mês, dividendos, e aumentava a gasolina a cada dois, três dias’”, disse Bolsonaro, ainda de acordo com o relato do parlamentar.
Ao final do encontro, a cúpula do PP e do PL entendeu que ex-presidente da República tinha dado a senha para o apoio ao nome do candidato Paulo Mac Donald (PP), ex- prefeito de Foz do Iguaçu e um dos coordenadores da campanha presidencial do capitão no Paraná. E assim foi.
Representante do bolsonarismo, o ex-prefeito logo disparou nas pesquisas. Ocorre que, no meio do caminho, o PL decidiu romper o acordo e lançar um candidato próprio — e escolheu exatamente o general Luma e Silva para a missão. A decisão deixa Jair Bolsonaro numa situação embaraçosa.
Pesquisa mostra preferência pelo candidato do PP
Uma pesquisa recente realizada pela empresa Radar Inteligência mostra que o candidato do PP tem a preferência de 44,6% do eleitorado. O general Silva e Luna aparece em segundo lugar, com 17%. Os dois candidatos esperam o apoio do ex-presidente.
Antes rejeitado, Luna e Silva acredita que pode virar o jogo com o apoio do ex-presidente. O general afirma que Bolsonaro já garantiu que, em breve, fará uma visita à cidade. “O presidente me ligou recentemente e falou assim: ‘Como é que estão as coisas aí? E disse que vai passar três dias aqui na região, começando por Foz do Iguaçu”, comemora.
Indagado sobre essa reviravolta, Mac Donald disse que também aguarda uma sinalização do ex-presidente: “Eu apoiei o Bolsonaro na campanha dele, apoiei a eleição dele de graça, gravei vídeo, pedi voto e tudo”. A palavra traição, por enquanto, surge apenas em conversas reservadas entre os aliados do ex-prefeito.