Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

MP identifica mais de 60 possíveis ‘laranjas’ nas eleições de São Paulo

Ação pode resultar na cassação de quatro deputados federais e sete estaduais eleitos em São Paulo e inclui postulantes de cinco partidos

Por Estadão Conteúdo 11 mar 2019, 12h04
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo (PRE-SP) propôs quatro ações para impugnar mandatos de parlamentares eleitos e candidatos dos partidos Podemos, PHS, PMB, Solidariedade e Patriota nas eleições de 2018. As legendas são suspeitas de usar candidatas “laranjas” para preencher a cota de 30% de mulheres exigidas pela legislação eleitoral.

    A investigação contempla a coligação formada pelas legendas e, se aceita, pode resultar na cassação de quatro deputados federais, sete deputados estaduais e mais de 500 suplentes. São alvo os deputados federais Pastor Marco Feliciano (Podemos-SP), Paulinho da Força (SD-SP), Renata Abreu (Podemos-SP) e Roberto de Lucena (Podemos-SP). Os sete deputados estaduais se dividem entre Podemos (4), Solidariedade (1), PHS (1) e Patriota (1).

    Patriota

    A investigação que envolve o partido Patriota conta com o relato de 12 ex-candidatas do partido que alegam terem sido inscritas como postulantes, mas que não receberam verbas da legenda para fazer campanhas. “Esta ação volta-se contra a nova e sofisticada versão das ‘candidatas laranjas'”, diz a Procuradoria. “Em vez da inscrição de candidatas desinformadas, o expediente usado foi das candidatas iludidas.”

    As ex-candidatas à Assembleia Legislativa Deusamar Santos Teixeira Salvador (1.712 votos) e Mariá de Lourdes Silva Depieri (274 votos) disseram ter sido obrigadas por Hiroxi Helio Kotó, secretário nacional do Patriota e coordenador do partido na região de Presidente Prudente, a assinar “cheques e alguns contratos em branco”. Assim, “ficaram sem acesso aos recursos de suas próprias contas eleitorais”.

    Segundo a ação, posteriormente elas identificaram várias irregularidades como “contratos em cidades onde não fizeram campanha, de pessoas que jamais trabalharam (para o Podemos), (que eram) de outro partido (PR), assinaturas falsificadas, CPF em contratos de terceiros”.

    Continua após a publicidade

    Outras candidatas alegam ter sido forçadas a fazer dobradinha com o presidente da legenda, Adilson Barroso, candidato derrotado a deputado federal. Simone Aparecida dos Santos, que concorreu a deputada estadual, disse à Procuradoria Eleitoral que foi impedida de fazer dobradinha com seu marido, Ademir Gonçalves de Oliveira, candidato a deputado federal.

    Em seu depoimento, Oliveira disse que foi convidado a se candidatar desde que conseguisse convencer uma mulher a disputar uma cadeira “por causa da cota”. Quando a campanha começou, ela recebeu 15.000 santinhos, todos com o rosto de Adílson Barroso. Segundo Simone, no processo de negociação para a candidatura, a direção do Patriota disse que “para cada mulher podia entrar três homens”.

    Segundo os relatos das testemunhas, Barroso disse que venderia uma “fazenda” no valor de 2 milhões de reais para financiar a própria candidatura e de seus aliados, mas forneceu apenas santinhos com sua própria foto. A “fazenda”, na verdade um sítio de quatro alqueires, nunca foi vendida. Barroso disse que a história foi uma “brincadeira”.

    Continua após a publicidade

    Na ação, a Procuradoria pede a cassação do único deputado estadual eleito pelo Patriota em São Paulo, Paulo Corrêa Jr., da chapa de 102 deputados federais não eleitos e dos 130 suplentes de deputado estadual.

    O Patriota, Solidariedade, Podemos e PMB negaram a existência de candidatas “laranjas” e afirmaram que a distribuição da verba foi feita conforme o potencial e necessidades eleitorais de cada candidato. Paulinho da Força justificou que o Solidariedade teve porcentual de 34% de candidatas, mas que “algumas não tiveram voto nenhum. A gente teria jogado dinheiro fora.”

    Podemos

    A promotora responsável pelas denúncias de candidatas supostamente “laranjas” no Ministério Público Eleitoral (MPE), Vera Lúcia Taberti, afirma que o Podemos concentra o maior número de reclamações. Mesmo não tendo sido eleitas, as mulheres que denunciaram o partido viraram rés na ação movida pelo MPE. “O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) considera que qualquer suplente pode chegar a assumir a vaga”, explica Taberti.

    Continua após a publicidade

    Segundo a promotora, o descontentamento das candidatas teria sido maior pelo fato da presidente nacional do partido, a deputada federal Renata Abreu (SP), ser mulher e se utilizar de um discurso de empoderamento para convencer outras mulheres a se candidatarem. O porta-voz de Renata afirmou que “jamais houve promessa financeira determinada”.

    Além disso, o MPE acusa um montante elevado de repasses para a campanha de Renata em detrimento das demais mulheres. Ela recebeu o equivalente a 13% do Fundo Especial do partido em relação ao valor mínimo de 30% exigido para campanhas femininas, equivalente a 10,8 milhões de reais no Podemos.

    A prestação de contas de Renata não foi aprovada pelo TRE, em dezembro de 2018, e o pedido de embargo de declaração foi rejeitado em fevereiro. A defesa alega que “erros meramente formais não possuem o condão de reprovar contas”.

    Continua após a publicidade

    Possíveis desvios de recursos também são investigados. Um exemplo é o da presidente estadual do Podemos Mulher. Márcia Pinheiro apresentou prestação de contas zerada à Justiça Eleitoral em novembro de 2018 e recebeu 59 votos. Casos semelhantes em qualquer partido são um alerta ao MP. “Nós temos quase certeza de que houve irregularidades quando vemos uma candidatura sem movimentação financeira”.

    O MPE também tem definido como irregulares candidaturas existentes, mas que não são um investimento do partido. “A partir do momento em que gera desinteresse, vira uma candidatura ‘laranja'”, diz Taberti. A questão é delicada por não haver uma regulamentação que defina um valor mínimo para as campanhas. “O partido não infringiu nenhuma lei, mas é uma questão moral”.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.