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Morre Tuíre Kayapó, líder indígena do Xingu e estrela de foto histórica

Ativista ficou conhecida principalmente por desafiar presidente da Eletronorte em protesto contra construção de Belo Monte há 30 anos

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 ago 2024, 20h52 - Publicado em 10 ago 2024, 20h48
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  • A indígena Tuíre Kayapó Mẽbêngôkre morreu neste sábado, 10, aos 57 anos, em decorrência de um câncer de útero, que tratava desde 2023. A ativista foi uma das maiores vozes da reserva do Xingu e ficou famosa mundialmente por ter colocado um facão no rosto do presidente da Eletronorte há quase 30 anos, em protesto contra a construção da Usina de Belo Monte. O momento provocou fotos e vídeos que marcaram a história do ativismo indígena e do Brasil. A informação foi confirmada nesta manhã pela Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).

    Tuíre recebia cuidados paliativos em um hospital em Redenção, no sul do Pará, e será sepultada na aldeia onde morava, em Gorociré, na Terra Indígena Kayapó. “A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) expressa seu profundo pesar pelo falecimento de Tuíre Kayapó, liderança indígena, mulher cuja força e coragem marcaram a história do Brasil. Conhecida por sua defesa incansável pelos direitos dos povos indígenas e pela proteção das florestas, Tuíre se tornou um símbolo de resistência e luta por justiça, sendo precursora no protagonismo da luta das mulheres indígenas por direitos”, disse a organização em publicação feita no Instagram. 

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    No X (antigo Twitter), o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, lamentou a morte. “Hoje perdemos a liderança Tuíre Kayapó, uma referência na defesa dos povos originários do nosso país. Solidariedade aos familiares e amigos de Tuíre”, escreveu.

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    Foto histórica

    Durante o Encontro das Nações Indígenas do Xingu de 1989, Tuíre Kayapó, de apenas 19 anos, pressionou seu facão no rosto de José Antônio Muniz, então presidente da Eletronorte, empresa que visava construir a Hidrelétrica de Belo Monte. A ativista também protestou em sua língua para dizer que o empreendimento provocaria grandes danos às reservas indígenas e seu apelo fez com que as obras da usina fossem paralisadas por dez anos. “Sua luta, em especial contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, destacou-se como um momento fundamental pelo respeito aos direitos territoriais e culturais dos povos indígenas. O gesto de Tuíre, colocando-se diretamente diante de decisões que afetavam sua terra e seu povo, representou um ato de resistência que permanecerá para sempre na memória daqueles que lutam por justiça”, declarou também a Funai. 

    Ativismo recente

    Em 2019, Tuíre também afrontou o deputado José Medeiros (Pode-MT), então vice-líder do governo de Jair Bolsonaro (PL), em uma audiência na Câmara. O protesto foi em resposta a Medeiros, que falava mal de ONGs que assistem aos indígenas, disse que “tem índio andando de caminhonete de luxo e defendeu exploração de jazidas de minério nas suas terras”. Com dedos em riste, e com a ajuda de uma tradutora, a indígena respondeu que “são eles, os brancos, que gastam o dinheiro que falta para as etnias. Pediu a ele que transmitisse ao presidente da República que a política do atual governo é de dizimar e dividir o povo indígena”. Para sorte do deputado, ela estava sem o facão em mãos.

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