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Marun admite que governo negocia crédito da Caixa por votos

Ministro negou que esteja promovendo "chantagem" com governadores e prefeitos e destacou que os financiamentos "são ações de governo"

Por Estadão Conteúdo
26 dez 2017, 22h55

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, admitiu na tarde de terça-feira que o Palácio do Planalto está pressionando governadores e prefeitos a trabalhar em favor da aprovação da reforma da Previdência em troca da liberação de recursos do governo federal e de financiamentos de bancos públicos, como a Caixa. 

“Realmente o governo espera daqueles governadores que têm recursos a serem liberados, financiamentos a serem liberados, como de resto de todos os agentes públicos, reciprocidade no que tange à questão da (reforma da) Previdência”, disse o ministro.

Marun negou que esteja promovendo “chantagem” com governadores e prefeitos e destacou que os financiamentos da Caixa “são ações de governo”. O peemedebista disse que o governo está pedindo apenas uma “ajuda” em troca dos votos pela reforma. “Financiamentos da Caixa Econômica Federal são ações de governo. Senão, o governador poderia tomar esse financiamento no Bradesco; não sei onde. Obviamente, se são na Caixa Econômica, no Banco do Brasil, no BNDES, são ações de governo, e, nesse sentido, entendemos que deve, sim, ser discutida com esses governantes alguma reciprocidade no sentido de que seja aprovada a reforma da Previdência, que é uma questão que entendemos hoje de vida ou morte para o Brasil”, justificou. 

O ministro disse que os parlamentares ligados aos governadores também terão aspectos eleitorais positivos com os financiamentos aos governos locais. “Olha, não entendo que seja uma chantagem o governo atuar no sentido de que um aspecto tão importante para o Brasil se torne realidade, que é a modernização da Previdência”, afirmou. “Não é retaliação aos governadores, é pedido de apoio”, completou.

O novo ministro da articulação do governo Temer levantou todos os pedidos de empréstimos na Caixa por Estados, capitais e outras grandes cidades e condicionou a assinatura dos contratos à entrega de votos pelos governadores e prefeitos que exercem influência sobre os deputados. O primeiro a ser pressionado foi o governador de Sergipe, Jackson Barreto (PMDB). “Veja bem, é uma ação de governo, sendo uma ação de governo, obviamente o nível de apoio que o governador pode prestar a favor da reforma vai ser considerado nesta questão”, insistiu.

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Em reunião nesta tarde com o presidente Michel Temer, Marun disse que manifestou seu otimismo em relação à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Marun afirmou que a confiança na aprovação do texto vem de conversas com parlamentares nos últimos dias e disse ver cada dia menos pessoas dizendo que não votarão a PEC “de jeito nenhum”.

Marun revelou que marcou para a tarde desta quarta-feira uma nova reunião com Temer e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para traçar a estratégia de atuação em janeiro em busca dos 308 votos a favor da reforma. Segundo ele, o relator da proposta, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), também será convidado para o encontro. 

O ministro evitou dar o número de votos que o governo contabiliza hoje. Ele disse que a contagem de votos só será retomada por volta do dia 15 de janeiro, a mais de um mês da data da votação marcada por Maia, 19 de fevereiro. Apesar disso, Marun se mostrou confiante. 

“Cada vez é maior a consciência da sociedade brasileira em relação à necessidade da reforma. A tática de empurrar com a barriga tem cada vez menos apoio na sociedade, e os parlamentares, ao chegarem a suas bases, começam a constatar isso. Isso que tem sido o grande fator propulsor desta confiança dessa mudança de pensamento de vários deputados, e fator propulsor dessa vitória que teremos em fevereiro”, declarou.

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